Pelo Catarse, quadrinista brasileiro mostra seus superpoderes para driblar a pandemia

Escrito por Mariana Valverde

Revisão e contribuição: Kimberly Souza

Antes da pandemia, os planos seguiam um caminho. Tudo estava em ordem. Mas aí, como em uma história de ficção científica, tudo mudou. A carreira promissora do quadrinista e ilustrador Eberton Ferreira virou de ponta-cabeça e o problema parecia não ter solução.

Mas mudanças no percurso se transformaram em um superpoder: Eberton se reinventou, entrou para o universo digital e, através de uma campanha no Catarse, vendeu quase 200% dos seus quadrinhos, as fantasias mais mirabolantes acontecidas em solo brasileiro. Terror, aventuras e super-heróis em cenários do cangaço e folclore.

Com toda essa magia e criatividade, o quadrinista já tem mais de 15 histórias criadas que envolvem todos os públicos. Aos 43 anos de idade, Eberton Ferreira, nascido em São Gonçalo (RJ), é fã da cultura brasileira e segue em lançamento com a HQ Os Se7e.

Mas, e você, até onde sua fantasia consegue chegar? Vem conhecer essa história.

ANTES DA PANDEMIA

Como a rotina de muitos brasileiros, antes da pandemia Eberton trabalhava com sua paixão pelos quadrinhos e também vendia churrasco na rua: “Minha rotina antes da pandemia era muito diferente. Primeiro que eu vendia churrasquinho na rua. E eu complementava a renda vendendo meus quadrinhos em eventos no final de semana.”

Ele conta que nessa rotina não havia tanto tempo para as redes sociais e divulgação das suas HQs: “Não fazia marketing nada, porque não tinha tempo por causa do churrasco. E eu só produzia HQ na madrugada e todo final de semana ia a eventos”.

ELA CHEGOU. E AGORA?

Com a chegada da pandemia, tudo mudou. Por ser grupo de risco – ter diabetes – Eberton preferiu parar temporariamente com o churrasco de rua e se manter dentro de casa. Depois, com o retorno das atividades ele tentou, mas infelizmente não conseguiu retornar à rotina.

“A pandemia tirou meu ponto [de venda de churrasco]. Eu fiquei sem essa renda. E me vi desamparado. Não tenho eventos, não tenho churrasco, o que vou fazer?”, desabafa. “Eu recebi e ainda recebo ajuda da minha família, porque as contas não param de vir. Mas eu pensei: eu tenho que fazer algo coisa, não posso ficar parado. Então meu tempo de produção aumentou.”

CATARSE E O INVESTIMENTO NA INTERNET

Com o tempo livre, ele iniciou uma produção maior em seus quadrinhos. “Eu pensei: agora tenho que rever as minhas estratégias de venda porque não tem mais evento. Então comecei a aprender sobre marketing digital, com pessoas que já faziam. Comecei a investir nisso.”

Foi aí que surgiu o Catarse. O financiamento coletivo online tem a missão de divulgar e fazer a pré-venda de trabalhos em diversos setores da arte: “O Catarse é uma plataforma de financiamento coletivo, que as pessoas chamam de arrecadação, vaquinha, mas é uma pré-venda”. Assim, Eberton iniciou os investimentos. “Investi em pré-venda na internet com pessoas que já me acompanhavam. Isso me ajudava a pagar algumas contas. Comecei a fortificar essas minhas redes”, entre elas, reativou o canal de Youtube, iniciou o trabalho constante em Instagram e criou grupo no Telegram.

Atualmente seu trabalho focado nas suas HQs. E ele comemora o sucesso que vem tendo: “Ano passado [2020] consegui vender quatro caixas de quadrinhos. É um número razoável levando em consideração que eu estava todo errado na internet e as pré-vendas eram diretamente comigo. Aí pensei: dá para eu melhorar. E aí comecei a estudar o Catarse”, conta.

Ele estudou a plataforma aos poucos para entender seu funcionamento: “No início desse ano apliquei o conhecimento que eu adquiri. Peguei todos os quadrinhos que tenho em estoque e criei combos para vender e lancei novas histórias”.

OS SE7E

Mas afinal, da onde surgiu Os Se7e? O quadrinista explica para você!

“A ideia não surgiu durante a pandemia, começou em 2016. Eu já conheci pela internet, mas em 2015 conheci pessoalmente o Marcos Gratão e ele me convidou para participar de um crossover, um encontro entre personagens, um dele e um meu. Eu aceitei. Mas no processo criativo ele veio com uma ideia em cima desta: O que você acha de convidarmos outros autores e fecharmos um grupo e chamar de Os Se7e?”.

Ele topou e assim surgiu essa grande história de sucesso. No começo, fizeram a revista em formato simples e vendiam aos poucos. “A gente imprimia algumas tiragens e esgotava, aí fazíamos novamente”, conta.

No início, era uma história fechada e eles dividiram em quatro revistas. Depois, de tanto vender e esgotar, Eberton deu a ideia de fazer um encadernado. Ou seja, unir as quatro partes e fazer um volume único, colorido, com um epílogo dando margem para uma próxima nova história.

Assim fizeram. Lançaram 100 cópias que, segundo Eberton, “acabaram em um piscar de olhos”.

“Aí em 2018 imprimimos o primeiro milheiro dessa revista. Aí fizemos em formato maior, definitivo. Essa é a ideia de como começou. Em 2019 eu quis retomar a história de Os Se7e. Aí ele [Marco Gratão] me deixou tocar o barco sozinho e eu comecei a produzir”, enfatiza.

Foi em 2019 que ele fez o lançamento do Volume II em capítulos.

O SUCESSO DO CATARSE

Atualmente, o Volume II – Capítulo 3 foi lançado pelo Catarse e atingiu a marca de quase 200% de apoio no financiamento. Isso mesmo, quase duzentos por cento! Mais precisamente, a campanha atingiu 192%.

Foi assim que ele decidiu sair da pré-venda particular e divulgar suas histórias no Catarse. “Como lá existem várias pessoas que procuram por projetos para apoiar, eu já estou inserido em um local onde, se minha campanha começa a ir bem, o Catarse me joga pro alto e saio fora da bolha. As pessoas vão conseguir me ver e comprar. Vendi muitos quadrinhos lá e por isso que a campanha chegou a quase 200%”.

Sobre sua expectativa, Eberton é sempre otimista “Eu sempre tinha boas expectativas, só que foram muito superadas. Eu achava que ia ser uma experiência que eu tinha que aprender a mexer melhor. Claro que trabalhei arduamente, eu passei dia e noite vendendo. Mas eu achava que não ia conseguir chegar no 100%”, conta.

E sua felicidade é explícita: “Eu estou me sentindo muito realizado sabendo que o público consome. Mesmo nesse período pandêmico, onde as pessoas passam por uma crise financeira, sofrendo. A gente costuma dizer: brasileiro não lê, não consome material feito no Brasil. Mas a gente lê sim! Mas o problema é que a gente não consegue chegar até o público. Mas o Catarse está fazendo essa ponte”.

E O FUTURO?

Eberton adianta: sua ideia é fechar Os Se7e em sete capítulos! Mas tem bastante coisa vindo por aí…

Para o futuro, sua ideia é continuar produzindo: “Estou com vários quadrinhos sendo produzidos ao mesmo tempo. Vou lançar mais dois esse ano. E aí encerro meus lançamentos esse ano. É o penúltimo capitulo de Os Se7e e o Xamã III, que é a série solo do meu super-herói, um dos personagens que estão no crossover de Os Se7e”.

Ele dá um toque para quem já participou do Catarse: “Quem participou da campanha anterior e comprou Os Se7e, agora vai comprar o Xamã. Ah, mas eu não tenho as revistas anteriores do Xamã. Mas vai ter o pacote completo lá”, finaliza.

Eberton também está produzindo para quem curte histórias mais pesadas: “Eu estou produzindo quadrinho de terror. Que é para maior de 18 anos. Está no terceiro volume e tem contos de artistas do Brasil todo”, conta.

E sobre o Catarse, ele segue animado para fazer mais campanhas. “Mas sempre com pé no chão, tendo a consciência de que cada campanha é uma novidade. Não adianta me basear naquela que foi um sucesso, porque exigem estratégias diferentes”.

Quer saber mais sobre o Eberton, as séries e comprar as HQs?

Acesse: https://www.linktr.ee/estudioston

AH, O FOLCLORE FAZ SUCESSO!

Se você curte Folclore, vai curtir a nossa série especial sobre o tema, feita em 2019, e que ganhou nova repercussão em 2021 após o lançamento da série original da Netflix “Cidade Invisível”. Mas o que isso tem a ver com toda essa matéria?

O Eberton, nosso entrevistado, também esteve na série especial. Ele foi convidado para falar de outra série de HQs exclusivas do tema. Ficou curioso? Para conferir a série completa, é só clicar aqui https://revistacomtempo.com/category/folclore/

Deixe uma resposta