Partilha, protesto e voz: Conheça o Mulheres de 15

Escrito por: Kimberly Souza

Coletivo de jornalistas traz rádio-reportagens sobre violência contra a mulher e abre um diálogo importante no interior.

Faculdade de Jornalismo em Franca, lá no interior de São Paulo. Dois grupos de estudantes se encontram e se conectam por trazerem à luz da mídia um tema urgente e social: as violência contra a mulher.

Bem assim começa a história de Talita Souza, Sara Ávila, Gabriela Sturaro, Carolina Rodrigues, Tatiane Oliveira, Hermes Pereira Neto e Rafael Mascagni. Todos na faixa dos 20 e poucos anos, no último ano de Jornalismo e fundadores do Mulheres de 15, um programa de rádio pra lá de pertinente.

O grupo explica: “Quando tudo começou éramos dois grupos. Em 2018, tivemos um trabalho de radiojornalismo em que cada grupo deveria fazer uma reportagem de rádio de tema livre. Por coincidência nossos grupos escolheram temas relacionados a violência contra a mulher. E foi aí que tudo começou! Nosso professor deu a ideia de juntarmos os grupos e criarmos uma série de três reportagens abordando o tema violência contra a mulher. Uma ideia foi levando a outra e a partir daí surgiu o Mulher de 15”.

O nome faz referência aos 15 anos, idade em que a sociedade julga que a menina se torna uma mulher de verdade. O número também faz referência ao tempo de cada programa de rádio: 15 minutos, veiculados em sites da internet.

“Nosso objetivo é dar voz as mulheres! Diante da sociedade machista em que vivemos e por sermos a maioria mulheres, temos consciência do quanto muitas ainda são silenciadas”, afirmam, ressaltando ainda que o silêncio inspirou o nome do primeiro especial, o “Por trás do silêncio”.

O projeto, enfim, teve início em novembro de 2018 e o grupo levou cerca de 5 meses para estruturar a produção e ciar as três reportagens do “Por trás do silêncio”.

“Um dos grupos já havia feito uma reportagem sobre relacionamentos abusivos, o outro sobre violência obstétrica e nós nos juntamos para fazer uma terceira reportagem sobre feminicídio. A partir daí foi surgindo não só o primeiro especial, como também o Mulher de 15 em si. Já o nome “Por trás do silêncio” foi pensado durante uma conversa que tivemos entre nós, estávamos falando sobre como as mulheres geralmente são silenciadas em casos de violência. A nossa ideia era mostrar o que há por trás do silêncio de cada mulher que foi e é violentada”.

A reportagem da ComTempo elaborou esse escrito ouvindo ao especial. Os relatos reais, os efeitos sonoros e a narração do especial radiofônico foram sentido na pele, pela verdade transmitida em cada violência descrita. E o efeito foi proposital.

O Mulheres de 15 não poderia ter escolhido uma mídia melhor para trazer o tema, já que muitas mulheres sentem medo de serem expostas a receberem retaliações dos agressores.

“Devido a sociedade machista e patriarcal em que vivemos, a violência contra a mulher costuma ser silenciada. Mesmo que ultimamente com a internet tenha se tornado cada vez mais comum vermos notícias e casos sendo denunciados, ainda existem muitas que são violentadas e não são ouvidas ou que não se sentem seguras na hora de denunciar uma agressão. Com o primeiro especial, nós queremos mostrar a essas mulheres que elas não precisam ficar em silêncio, que elas devem denunciar seus agressores”.

Mulher de 15

Enquanto prepara o segundo especial – cinco programas sobre assédio sexual – o Mulheres de 15 disponibiliza gratuitamente o primeiro especial, clicando aqui: https://soundcloud.com/mulher-de-15/sets/especial-por-tras-do-silencio).

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