“Tudo é incerto neste mundo hediondo, mas não o amor de uma mãe”. A frase do romancista e poeta James Joyce (1882/1941) – que serviu como premissa para a novela Amor de Mãe – nos faz refletir sobre este enorme desafio de gerar uma criatura, amá-la e educá-la para a vida.
Lembro-me do medo que senti ao visitar uma grande amiga que acabara de ter sua primeira filha. Fiquei angustiada com a apreensão visível em sua fisionomia, enquanto amamentava sua filhinha. Acredito que ela se perguntava: “O que faço agora?” Como será daqui pra frente?”. Afinal, iniciar um novo caminho assusta.
Naquele dia, saí da maternidade com uma certeza: não estava preparada para esta experiência, e fazia questão de reforçar essa mensagem ao meu ser. Mal sabia que no mês seguinte seria surpreendida com uma gravidez.
A descoberta me fez sentir um misto de emoções que me consumiu por inteira: alegria, medo, ansiedade, preocupação, expectativas e amor. Como gargalhei naquele dia. O contraditório é que me sentia feliz, muito feliz e preparada para embarcar nesta nova jornada. Acredito que as surpresas que o novo traz são importantes para dar ritmo à vida. E que revolução uma criança pode fazer!
A primeira semana de vida, após a chegada do bebê, é intensa e confusa. São muitas sensações e novidades acontecendo ao mesmo tempo. O interessante é descobrir que você sabe mais do que podia imaginar e, ao mesmo tempo, não sabe de absolutamente nada. Não existe um manual de instrução. Cada criança é única e aquilo que você aprendeu nem sempre funciona com seu filho. Por isso, estamos sempre nos reinventando. Não temos todas as respostas e aprendemos vivendo com as experiências.
A maternidade me fez entender que a nossa força e flexibilidade são bem maiores do que podíamos acreditar. O autoconhecimento também foi um grande ganho, passei a me conhecer de um jeito que nunca poderia imaginar e a me preocupar com o futuro e como podemos contribuir para deixar o mundo um pouquinho melhor.
Por que, cargas d’água, as mães se preocupam tanto? Não sei responder. Quando não estamos preocupadas com o desenvolvimento físico ou emocional dos nossos filhos, estamos preocupadas se estamos no caminho certo.
E assim a gente muda planos, abre mão de sonhos e adquire novos. Ser mãe é perder. E, ao mesmo tempo, é ganhar. É dedicação diária sem certeza de retorno. O mais bonito não é o resultado, mas a jornada, cheia de altos e baixos, mas com o mesmo foco: a felicidade e segurança dos nossos filhos.
Acredito que a maternidade é uma caixinha de surpresas onde nada é definitivo, além do amor. Um amor puro e sem cobrança, que busca sempre acertar.
A partir deste mês a coluna Palavras de Mãe irá abordar temas como comportamento, desenvolvimento, educação e saúde das crianças.
Formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi. É apaixonada pelo filho de cinco anos autista, e por literatura.
Maternidade é estarmos prontos para se deixar. Jamais vou esquecer essa frase. Mesmo nos deixando, nos reencontramos de diversas maneiras e descobrimos outras ainda mais surpreendentes. Todo sucesso para você!