“Você tem medo de quê?” – Parte 2

Você lembra disto?

Uma sugestão, antes de continuar: volte lá no começo e leia, em voz alta, o título. Depois, responda, também em voz alta.

Então, vamos continuar…

Se sua resposta foi “nada”, desculpe pelo que vou dizer, mas você não existe! Até Superman é mais real do que você! Qualquer criatura com os rudimentos da consciência tem medo, por intelecto ou por instinto de preservação, em intensidades diferentes e com demonstrações das mais diversas imagináveis. O que muda é o estímulo que nos faz ter uma reação particular, o significado desse medo, o que ele representa para cada um de nós, a sua forma.

Esses personagens são destemidos, o que, brincando com a palavra, nos faz pensar em alguém “sem temores”, mas que ainda tem medo Uma ameaça real representa um temor, algo que sabemos que poderá acontecer e, assim, nos prejudicar de alguma maneira, portanto, se puder ser evitado ou contornado, melhor.

Vejamos no mundo real…

Se nos sentirmos inseguros com algo, um piso escorregadio, por exemplo, teremos medo de passar por ele e tomarmos um tombo espetacular, que poderá causar constrangimento ou lesão física, dependendo do caso, o que, certamente, não faria parte dos nossos planos de vida em nenhum momento. Portanto, qual o motivo de querermos passar por essa situação?

Na maior parte das vezes, o cenário financeiro é incerto, no sentido de uma previsibilidade apurada, e isso poderá nos causar um certo receio em arriscarmos um investimento ou uma despesa mais robusta. Não é físico, como o escorregão vexaminoso, mas nos faz pensar na real necessidade de passarmos por essa tensão.

Ter medo de altura pode vir da incerteza de sermos capazes de superar aquela escada que parece bastante frágil. Rir de um surto de pânico de alguém que viu uma lagartixa não é uma reação educada! Pode parecer engraçado visto de longe, mas… você voltou lá no começo, no título, e respondeu? Então… não confunda medo com susto. Uma lagartixa que passou correndo pelos seus pés o pegou desprevenido, assim como um livro que cai fazendo um grande barulho tira-nos da calmaria. É inesperado. Esse pico nos alerta rapidamente, como uma reação para vermos se aquilo que nos despertou representa uma ameaça real. Isso é tomar um susto. Medo é bem diferente, tem história por trás, uma história íntima e pessoal que, na maioria das vezes, apenas nós somos capazes de avaliar sua intensidade.

Todos passamos por um instante de fragilidade, aquele tremor de “vou ou não vou”, o respirar fundo e dar o salto de fé de Indiana Jones na “Última Cruzada”. Pareceu um beco sem saída, para ele, mas a questão da fé prevaleceu. Crer, na sua essência, é o inverso do medo. O nome disso é “Esperança”. Aquela sala escura, na qual você não entra porque acredita que algo ruim poderá acontecer contigo, mesmo não existindo evidências concretas, apenas a sala escura. E você congela!?!? O que queremos? Garantias? Que nossa segurança seja preservada? Lembre-se de como aprendeu a andar de bicicleta, ou quando aprendeu a boiar, dirigir, fazer uma apresentação em público. Ou, quando fez um exame médico mais sensível. Aquela entrevista de emprego, a resposta de um advogado.

A esperança nos faz colocar um limite de tempo sobre os medos, desde uma frase como “vai passar” até o ato real de confrontar esse pesadelo. Temos uma relação delicada com limites, tanto os nossos quanto os de outros. Aquilo que está sob nosso controle, ainda que ilusório, parece mais superável. O “salto de fé” depende de nós, na bicicleta, na piscina ou na apresentação de um seminário. Aquilo que está fora desse nosso controle, nas mãos decisoras de outros, evidenciam a fragilidade dos limites, nossas dependências. As incertezas e inseguranças afloram. A respiração desregula, assim como o sono, o humor, a transpiração… É o que chamamos, comumente, de ansiedade.

VOLTAMOS NA PARTE 3!

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