Escrito por: Marcos Pitta
Jovens entre 15 e 17 anos que, pela faixa etária, deveriam estar na escola, não estão. Pelo menos 11,8% desses jovens que são mais pobres tinham abandonado a escola sem concluir o ensino médio em 2018. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais 2019, que foi divulgada no final de 2019 pelo IBGE.
O percentual de 11,8% referentes aos jovens mais pobres é oito vezes maior que os jovens mais ricos que deixam a escola, esses somam 1,4% de acordo com os dados. Em 2019, no Brasil, cerca de 737 mil estudantes desta faixa etária encontravam-se nesta situação.
Os estados que mais sofrem com a evasão escolar, ainda de acordo com a pesquisa divulgada pelo IBGE, são o Norte e Nordeste com percentual de 9,2% dos jovens e a região Sudeste acumulava 6%. Na Zona Rural o número aumenta em relação a Zona Urbana (11,5% x 6,8%). Outro fator importante destacado nos dados do IBGE é que a taxa é maior entre pretos e pardos, 8,4%, do que em brancos, 6,1%. Divididos por sexo, as mulheres representam 7% e os homens 8,1%.
Para entender melhor porque a evasão escolar acontece e quais os impactos dessa problemática na sociedade, a ComTempo foi atrás de especialistas que nos ajudaram a entender melhor a situação desses percentuais. Mas antes, vamos entender sobre como a educação se caracterizada no nosso país.
A formação do professor é o ponto de partida
A psicóloga e especialista em educação Stephanie Machado Barbosa conta que a educação no Brasil anda a passos lentos: “Há muitos locais que ainda não possuem bom acesso à escolas e que apresentam materiais didáticos ineficientes. A formação do professor parece estar estagnada e a cada geração as dificuldades escolares crescem assustadoramente”. A especialista diz entender que cada estado possui sua realidade, mas que quando se pensa na educação a nível Brasil, a resposta sempre é: “escolas sem professores, alunos sem orientação e estruturas físicas precárias, infelizmente”.
Stephanie disse ainda que diante de suas experiências, acredita na melhoria da educação através da formação dos professores: “Isso porque os alunos não são os mesmos de 10 anos atrás, já a formação do professor permanece intacta. A forma de tratar os alunos não se modifica e o resultado é o que vemos, professores autoritários e alunos ‘sem limites’. Acredito que haja um desequilíbrio de valores e uma falta de manejo com as novas gerações”, explica a psicóloga.
A especialista em educação comentou ainda que existe um conjunto de fatores que fazem da evasão escolar “um dos maiores problemas sociais dos dias de hoje, pois o desemprego dos professores e a situação precária do ensino também não conseguem estimular os alunos a ficarem nas escolas”, explica e contextualiza dizendo que o que vem acontecendo atualmente com os jovens é o esquecimento do valor do conhecimento e que “a necessidade de trabalhar é muito mais valorizada que a de estudar. Há um imediatismo no ‘precisar ter’ que faz com que os alunos de classe baixa optem por sair da escola para conseguirem trabalhar”.
Abandono x Evasão Escolar
Para Roberta Panico, diretora de desenvolvimento educacional da Comunidade Educativa CEDAC, quando se fala em evasão escolar é importante, antes de mais nada, diferenciar evasão e abandono: “O abandono escolar ocorre quando o aluno deixa de frequentar as aulas no decorrer do ano letivo. A evasão se refere aos estudantes que, depois de terem abandonado a escola durante o ano ou de terem sido reprovados, não efetuaram a matrícula no ano seguinte para dar continuidade aos estudos”, explica.
Para Roberta, quando a evasão acontece “é muito mais difícil que esses estudantes retornem à escola, o que é obviamente um desperdício de potencial humano. Essa situação decorre de fatores tanto de ordem social como de ordem pedagógica, e eles se entrecruzam”.
Fatores de ordem social
A diretora explica estes fatores como os que dificultam a permanência na escola dos jovens pobres, que são pressionados a começar a trabalhar muito cedo para gerar renda: “Conjugado, esses fatores exercem uma influência muito negativa sobre o jovem, que é o que mais evade, ou seja, de um lado a escola não é significativa para ele/ela, não o acolhe nem oferece uma perspectiva de desenvolvimento; por outro, a necessidade de ganhar dinheiro puxa esse jovem para trabalhos, que em geral são pouco qualificados”, explica a diretora.
Fatores de ordem Pedagógica
Sobre esses fatores, Roberta diz que estão ligados às propostas didáticas, à organização e ao funcionamento da escola, que podem não favorecer a continuidade dos estudos, a construção de vínculos e de identidade com a escola e o conhecimento.
A evidência da desigualdade socioeconômica
Sobre os dados divulgados pelo IBGE em 2019 e apresentados no início desta reportagem, Roberta diz que é preciso entender que, para muitos estudantes, não ir para a escola não é o principal problema da sua vida: “Somos nós, educadores defensores da educação e gestores educacionais, que nos incomodamos com isso. Vivemos em um país onde as oportunidades de educação não são iguais para todos”, explica.
A diretora do CEDAC ainda faz referência ao IOEB, Índice de Oportunidade da Educação Brasileira, em que numa pontuação de 0 a 10, a média deste índice, no Brasil, é de 4,6 entre municípios: “Ainda precisamos oferecer melhores condições para todos os estudantes terem, garantido, o direito de aprender”. Ao analisar este índice, Roberta diz que é possível identificar grandes diferenças de oportunidades também entro de regiões e estados: “Fica evidenciada a desigualdade socioeconômica vivida no país que se expressa no dado do IBGE: o abandono escolar e a evasão escolar”.
A pedido da ComTempo Roberta ainda faz uma análise sobre a forma de ensinar com o passar dos anos e os desafios que os professores encaram dentro das salas de aula: “A forma de ensinar muda com o passar do tempo. Hoje, a internet desafia e provoca a mudança de postura diante do conhecimento. Diante do mundo. Hoje as informações não são privilégios dos professores, você consegue se informar sobre tudo, em qualquer lugar, basta ter um celular na mão, e todos têm.
Roberta continua dizendo que conteúdo de ensino não é somente conceito, mas as competências e habilidades que, segundo a Base Nacional Comum Curricular, envolvem a mobilização de conhecimentos, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, participar do mundo do trabalho e exercer a cidadania: “Os estudantes precisam aprender a construir pensamento crítico, relacionar conhecimentos e informações, interpretar, contrapor, se posicionar, saber interagir, a resolver situações, problemas, pensar local e universal. Como sabemos, essas mudanças na forma de produzir e disseminar informações foram muito rápidas e intensas e agora se espera que a escola utilize metodologias coerentes com o desenvolvimento de competências”.
Diante disso, a ComTempo também perguntou ao CEDAC sobre algum projeto que tenha como foco a evasão escolar e Roberta disse que há uma estratégia de Trajetórias de Sucesso Escolar, em desenvolvimento, com parceria da UNICEF, que compreende a implementação de ações para resolver a distorção idade-série dos estudantes, principalmente do Ensino Fundamental II.
“A ideia é repensar a organização da escola e das aulas para os alunos que têm dois anos ou mais do ano escolar correspondente e que se não forem olhados, serão os próximos evadidos da escola. Estamos atuando na formação dos gestores escolares de 54 escolas da Secretaria de Educação do Estado de Sergipe, que tem 52% de alunos em distorção idade-série no EF II, ou seja, metade dos estudantes estão em distorção idade-série na rede, nesta etapa de escolaridade”, finaliza.
A visão da escola
Lucas Cruz é coordenador pedagógico da Etec de Bebedouro, no interior de São Paulo e é responsável por todas as turmas desta escola, sendo elas de ensino médio, técnico e integral e contou a ComTempo como sua função é importante para o corpo da escola dar a importância que o aluno precisa para não se sentir deslocado e acabar saindo da escola.
“A função do coordenador pedagógico é estudar a escola em que ele está. Essa figura é um orientador dos professores que vai ter contato direto com os alunos para entender melhor como funciona essa escola, colher dados e, junto com os professores, interpretá-los”, explica Cruz.
O professor continua explicando que atualmente, há uma diversidade grande na educação e por isso não é possível padronizar um trabalho: “Aquilo que um dia foi conquistado com as cartilhas não adianta mais. O mundo é outro, agora é diferente e é necessário mudar também. O professor precisa colher os indicadores e, a partir disso, construir processos e coloca-los em prática”. Exemplificando seu trabalho com um modelo já seguido pelas empresas, Cruz comenta sobre a análise de resultados: “Até onde meu aluno chegou? Por que ele progrediu mais ou menos do que o esperado? É preciso entender esses resultados e desafiá-los a partir disso, para que eles não estacionem”, completa.
O coordenador pedagógico segue a mesma linha do aluno ser o protagonista do ambiente escolar para definir o que vem acontecendo atualmente com a evasão escolar: “Esse assunto está sendo muito discutido de uns tempos para cá e ficou gritante nos últimos anos. Isso está acontecendo porque agora é que a escola, verdadeiramente, chegou para todo mundo”. Lucas explica seu ponto de vista referindo-se ao passado: “Quando a escola era elitizada, isso não acontecia, por isso ouvimos as pessoas mais experientes dizerem ‘na minha época não existia evasão escolar’, podemos sempre perceber que essas pessoas com mais tempo de carreira escolar não viram isso acontecer, e esse fator está relacionado ao fato de que, nas últimas décadas espalhou-se escolas por toda parte e uma sociedade foi abraçada e, com isso, tudo foi parar dentro da escola”.
O coordenador continua sua explicação dizendo que com esse abraço para com a sociedade, a escola não está preparada para receber, por exemplo, a periferia marginalizada e os pobres sem referências, com pais analfabetos: “Então, como essa pessoa vai dar valor para o estudo, como ela vai saber que isso é importante para a vida dela? Como esse jovem vai dar valor para o estuo? É por isso que quando surgem às necessidades, eles evadem, seja para trabalhar ou não, pois não entendem a escola como necessário, e isso ocorre por eles não se enxergarem dentro do ambiente escolar”.
O que fazer?
Sobre às medidas que podem ser tomadas quando a escola não está preparada para fazer o aluno se enxergar, o coordenador diz que os primeiros passos começam a ser dados com a inserção de políticas públicas e o entendimento dos professores e gestores entenderem que o foco são os alunos: “O professor precisa ser o mediador e isso é muito difícil de praticar. Eu leciono há 12 nos, coordeno escola há seis e ainda me vejo com dificuldades para que o aluno seja sempre o centro. Hoje nós estamos preparando as escolas para vivenciar essas aulas em ciclos, ou seja, literalmente colocar a mão na massa. Não adianta mais alfabetizar a criança explicando o Z da Zabumba ou da Zebra, é preciso utilizar o que existe no entorno delas, pois essa criança absorve o que se está em volta”, explica.
Lucas explica também que acontece, atualmente, o bombardeio de informações com séries curtas, notícias rápidas, tudo acontecendo muito depressa e a todo instante e, por isso, os jovens e crianças não têm mais paciente para assistir uma aula como antigamente: “Por isso a importância de fazer com que o aluno se sinta dentro do seu espaço, é preciso ajudar o aluno a fazer parte do processo e quando ele finalmente fizer parte, eu preciso fazer com que ele enxergue isso. O educador é muito importante, mas o protagonista é o aluno”.
E a sociedade, fica como?
Entendendo o que é a evasão escolar, sua distinção do significado de abandono escolar, como a escola deve se comportar e vendo como a educação está caracterizada no Brasil, a ComTempo, para finalizar, procurou o sociólogo Marco Aurélio Monteiro, para explicar como fica a sociedade diante da evasão escolar e como podemos fazer para que esses números parem de crescer. Confira abaixo, na íntegra, a entrevista:
ComTempo: Qual sua formação?
Marco Aurélio Monteiro: Sou graduado em Ciências Sociais e mestre em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP e doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Atualmente estou como docente e coordenador de um módulo sobre humanidade e humanização em saúde, titulado Studium Generale e coordeno um grupo de estudos e pesquisa sobre sexualidade e saúde – o NuSS, na Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata – FACISB. Oriento e realizo pesquisas sobre educação escolar de maneira geral, e sobre educação médica de forma específica.
ComTempo: Dados do IBGE mostram que a evasão escolar é oito vezes maior, entre os jovens das famílias mais pobres. Esse dado está relacionado à desigualdade e tem a ver com o histórico social do nosso país?
Marco Aurélio: Existe um estudo elaborado por uma médica e doutora em medicina preventiva chamada Rita Barradas Barata (USP), que problematiza como e porque as desigualdades sociais fazem mal à saúde, e de maneira geral ela afirma que, quanto menor a desigualdade da distribuição de renda, melhor o nível de saúde. Podemos perfeitamente fazer analogia a questão da saúde com a educação. Vivemos em um país onde a desigualdade social bateu recorde, segundo a Fundação Getúlio Vargas em 2019, sinalizando o aumento da pobreza no Brasil. A desigualdade da estrutura da sociedade brasileira reflete diretamente na desigualdade de adesão a permanência na escola.
Os jovens, sobretudo os pobres se veem muitas vezes obrigados a submeter a um mercado de trabalho, ou melhor ao subemprego, sem formação, sem consciência de seu papel na sociedade, sem perspectiva de vida, para garantir a sua sobrevivência e de sua família. Muitos pelas questões geográficas têm o acesso limitado a escola devido ao deslocamento. Outros não tem sequer mesmo o básico para frequentar a escola, a pobreza no Brasil é inimaginável. Assim se corrobora para o aumento do ciclo da pobreza.
A desigualdade social não é a única causa da evasão escolar no Brasil, mas é, sem dúvida, uma grande patologia que está acabando com a saúde da educação de nossos jovens.
ComTempo: A evasão escolar criou uma nova roupagem com o passar do tempo?
Marco Aurélio: Há, na literatura, uma diferenciação entre evasão escolar e abandono escolar. A evasão escolar consiste, de modo simplista, em um estudante que frequentou a escola por um dado ano não se matricular para o próximo ano letivo. Já o abandono escolar trata-se do estudante que se matriculou no início do ano letivo e no decorrer do mesmo deixou de frequentar a escola. No entanto, concebo que, em ambos os conceitos o que de fato acontece é o distanciamento do jovem da instituição escolar e que esse distanciamento é endereçado a uma classe e a uma cor. Quanto maior a desigualdade social maior o distanciamento do jovem à educação.
ComTempo: Os jovens, muitas vezes, precisa entrar no mercado de trabalho mais cedo, isso está impactando diretamente na evasão escolar que é maior no ensino médio?
Marco Aurélio: Quando pensamos no “distanciamento do jovem à educação” temos que levar em conta o currículo que esta escola oferece. É bom frisarmos que quando falamos de escola aqui, estamos falando de escola pública. É bom questionarmos qual o currículo que está em vigor nessas escolas? Os conteúdos pedagógicos estão contextualizados com a realidade dos jovens estudantes? Os modelos pedagógicos estão atualizados? Os estudantes se veem acolhidos e pertencentes a escola? A escola capacita os jovens a enfrentarem o mercado de trabalho?
Todas essas perguntas acabam por sinalizar mais causas da evasão escolar. No entanto, é no ensino médio que percebemos hoje a maior ocorrência do “distanciamento do jovem à educação” e a causa maior é sobretudo, a necessidade de ingressar no mercado de trabalho. Esse ingresso acontece por conta da situação econômica a qual o país se encontra.
O jovem estudante diante das dificuldades financeiras da família, muitas vezes é obrigado a ser mais um membro contribuinte da casa, ingressando precocemente no mercado de trabalho. Não conseguindo conciliar o trabalho aos estudos, pretere os estudos em busca de uma autonomia econômica, mesmo que essa seja muito baixa. Baixa também será sua qualificação no mercado de trabalho, pois evadindo da escola não tem chance sequer de concorrer a uma vaga de emprego melhor.
ComTempo: Como sociedade, o que é possível fazer para que a evasão escolar não aconteça de forma tão agressiva?
Marco Aurélio: Em primeiro lugar é preciso ouvir a demanda desses jovens estudantes, dar voz a eles para de fato começarmos a trabalhar de encontro as suas necessidades. Só há como construir políticas públicas assertivas na educação com a presença e a necessidade real dos estudantes. Há algumas pesquisas que apontam alguns motivos que segundo os jovens corroboram para a sua evasão escolar.
Um desses motivos é de que, terminar o ensino médio hoje é interpretado pelo jovem como sinônimo de obter um papel, um diploma, e não de obter uma formação que os capacite enquanto profissionais, ou mesmo que os capacite para serem pessoas melhores. Outro motivo, que ao meu ver é bem significativo, é o entendimento do jovem de que o conteúdo não interage com que está sendo ministrado em aulas pois, o mesmo está descontextualizado com sua realidade. Há ainda outros motivos como não se sentirem acolhidos nas escolas e que as mesmas não oferecem um serviço de qualidade.
Levar em consideração as angústias vividas pelos estudantes é muito importante para iniciarmos um processo, que é longo, de estancarmos a evasão escolar. Paralelo a essas considerações é preciso ouvir da mesma forma os docentes, as famílias e assim pressionar do Estado posicionamentos em prol de uma educação pública que seja de qualidade e ao encontro das necessidades dos jovens e da sociedade atual.
Tomar consciência de que há uma questão estrutural de uma sociedade economicamente desigual, onde politicamente se motiva quem pode e quem não pode participar da educação, não pode ser sinônimo de silenciamento, ao contrário, deve ser motivo de luta em busca de uma educação pública de qualidade para todos.
ComTempo: Como a evasão escolar impacta na sociedade? Quais são os prejuízos e quais as possíveis consequências?
Marco Aurélio: Os impactos são muitos. Podemos classificá-los como sociais, econômicos, comportamentais, políticos, culturais dentre outros. O “distanciamento do jovem à educação” colabora para que nossa sociedade não cresça em pesquisas, novos conhecimentos e informações. Colabora para o aumento de jovens desempregados, ou em trabalhos informais, por não ter uma formação a altura de concorrer a cargos/empregos melhores. Colabora para a não participação da construção da economia do país. Colabora a piora na condição de saúde e até mesmo no aumento da criminalidade e da violência.
As consequências todas nós colhemos, uma vez que, vivendo em sociedade todas atitudes que tomamos recai sobre nós. Lutemos em prol de uma nova educação pública, de maior distribuição de renda, de uma consciência de que somos atores da nossa própria história.
A ComTempo tem como principal objetivo, abordar temas que precisam de mais liberdade, atenção, aprofundamento e espaço para discussão na sociedade.