Cantando a História

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O Coral Municipal Maestro Pedro Pellegrino de Bebedouro

Por: Nathan Santos

Sabemos que a música permeia a história da humanidade desde os seus primórdios, quando ainda era usada de forma funcional, ou seja, tinha uma função específica até os dias de hoje, considerada uma arte e até mesmo uma ciência. Nos meios educacionais, tem um papel importante no desenvolvimento infanto-juvenil em diversos aspectos. 

Em meados do século XIX, surgiu na Europa o “Canto Orfeônico”, em homenagem ao deus grego Orfeu, que amansava feras com suas melodias. O gênero chega ao Brasil no século XX, sendo popularizado pelas mãos de Heitor Villa-Lobos em seu projeto de inclusão da educação musical nas escolas.

Em Bebedouro, foi criado em 1930, no antigo Ginásio “Dr. Paraíso Cavalcante” a cadeira de canto orfeônico, sendo convidado para ocupar a cadeira e ministrar as aulas o Maestro Pedro Pellegrino.

O Coro Orfeônico do Ginásio perdurou até meados dos anos 60, quando associou-se à igreja matriz de São João Batista, onde, acompanhados do majestoso órgão de tubos, cantavam peças sacras e litúrgicas, muitas compostas pelo próprio maestro Pedro Pellegrino, nas missas do domingo de manhã. Nesta fase, o coro passou a intitular-se “Schola Cantorum”. Após uma mudança no clero, o Schola Cantorum foi extinto.

Sem desistirem de continuar cantando, os membros começaram a reunir-se na casa do maestro, apelidado carinhosamente de Tio Pedrinho, e começaram a ensaiar peças populares e apresentar na cidade, em festas e outros ambientes onde eram convidados, passando então a se chamarem “Coral Maestro Pedro Pellegrino”, o que chamou a atenção do poder público de Bebedouro, que abraçou também a causa, alterando o nome para o que está em vigor até os dias atuais: “Coral Municipal Maestro Pedro Pellegrino”.

Durante o ano de 2016, fiz uma extensa pesquisa sobre o coral, levantando a questão sobre a representação e o significado social do Coral Municipal para a cidade de Bebedouro e descobri que o coral teve seu auge em décadas passadas, juntamente com a cidade de Bebedouro.

Neste ano de 2020, o coral completa, em agosto, 90 anos de atividade ininterrupta, tornando-se assim o coral mais antigo em atividade no Estado de São Paulo.

Apesar de quase 90 anos de existência, o coral não possui sede própria e nem mesmo um próprio instrumento, como um piano, utilizado em todas as apresentações e ensaios, porém, a qualidade do coral, exigida por seu maestro, torna-o uma poderosa arma a favor da cultura da cidade.

Diante de tantas atrocidades cometidas contra a cultura em seus mais variados âmbitos, é reconfortador e emocionante ouvir melodias clássicas e populares entoadas às quatro vozes, encenando a imagem das flores contra os canhões.

Os membros do coral são como uma família que permanece unida mesmo nas dificuldades. De mãos dadas enfrentam o preconceito, o desinteresse e até mesmo a dúvida do porque ainda continuam, mas sem esmorecer e sem deixar que a música perca o seu sentido mais amplo: atingir as almas e corações.

Profº Nathan M. Santos: Professor, produtor, pesquisador e amante das artes com olhos marejados.

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