Ser mãe é exaustivo. O cansaço materno vai muito além das horas sem dormir das primeiras semanas. Acreditem, estar cansado antes dos filhos e estar cansado depois de sua chegada são situações bem diferentes.
Com tantas atribuições da vidinha moderna, milhares de mulheres se desdobram para conseguir conciliar trabalho, casa, marido, filhos e, ainda, encontrar um tempinho para si. É trabalho que não acaba mais. Mas, parece que estes afazeres se multiplicaram com o novo normal.
A rotina é tão estafante que me surpreendi ao pensar: “Meu Deus, não aguento mais meu filho em casa!”. E esgotamento ganhou corpo quando falei em voz alta.
Confesso, que em seguida, um sentimento de culpa reprimiu meu peito. Essa sensação piorou quando olhei meu filhote. Ele todo charmoso, com um sorriso travesso me deu um abraço tão caloroso que mudei o foco.
“Pare de reclamar, mulher! Imagine a vida daquelas mães que têm mais de um filho. Ou aquelas ainda que são solo, que não podem contar com uma rede de apoio. Certamente, o trabalho é dobrado”. Senti empatia ao pensar na vida daquelas com desafios maiores que os meus. Mas, isso não diminuiu o meu cansaço e muito menos o meu sentimento de culpa.
Pois bem, diz o ditado que assim que nasce a mãe, nasce a culpa. Afinal, mesmo sabendo que merecemos um descanso, esse sentimento persiste em bater na nossa porta.
Mas, há razão para isso? Decidi que não! O esgotamento é real, ainda mais no momento de isolamento social em que vivemos. Afinal, são meses consecutivos sem escola, convivendo diariamente sem pausa para o recreio.
No meu caso – e no da maioria das mães que têm seus filhos matriculados na rede municipal de ensino – a quarentena com os pequenos já soma 14 meses. Portanto, faz todo sentido sentir-se cansada! O amor é incondicional, a paciência, não.
Amá-lo não significa que tenho que amar cuidar dele o tempo todo. O fato de querer que as aulas voltem logo não faz de mim uma mãe ruim. Antes de ser mãe, sou mulher, uma profissional e ser humano. Querer “se ver livre” dele por umas poucas horas não é algo pecaminoso. E nem sempre quantidade de tempo é qualidade.
Então, me libertei da culpa e a joguei para escanteio e, ainda reivindiquei, um dia de liberdade, com um sonoro aviso: “Meninos, preciso de espaço. Saiam e voltem mais tarde!”. É redundante escrever, mas foi libertador!
Só sendo mãe para saber o que é ter companhia até para ir ao banheiro. O segredo é baixar as nossas expectativas e parar de se preocupar com as expectativas dos outros. Só nós sabemos o quanto amamos nosso filho.
É saudável respeitar o nosso cansaço, o nosso limite e o nosso tempo. Tenha bons momentos com o seu filho, e também tenha bons momentos com você. E, todos eles, sem culpa.
Formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi. É apaixonada pelo filho de cinco anos autista, e por literatura.
Nossa, show esse texto. Ser mãe nem sempre é obrigação de está o tempo todo com seu filho, até pq ele precisa aprender a caminhar com suas próprias pernas, pra quando vier a vida adulta saber lidar com as surpresas do destinos. Mas lembrando que a mãe sempre estará a sua disposição para ama-lo, dar conselhos e a mão pra levanta-lo quando precisar.👏👏😉