Os termômetros da cidade já marcam 15ºC e ainda nem anoiteceu. A sensação térmica nos obriga a somente querer uma cama escaldante, junto de outros dois pés quentes, chá, chocolate quente e qualquer outra bebida que nos faça aquecer.
O inverno chega a uma velocidade impressionante. Lado a lado com os noticiários que alertam a população sobre as constantes quedas de temperatura. A impressão que me toma é que a cada flash de notícia um grau na temperatura vai embora.
E em meio ao tempo que passa e só esfria, vejo os casacos e cobertores pularem dos guarda-roupas e closets rumo ao corpo gelado de um friorento qualquer. Tudo isso, numa atitude heroica e desesperada de esquentar, dar conforto e aconchego.
Minhas mãos se movem ininterruptamente, escrevendo e concretizando esta composição, em busca de calor (o literal e o de espírito). Nesta estação, falar do frio é inevitável, mas, com ele, percebo sensações que chegam e fazem presente – solidão e nostalgia.
Na mesa ao lado do café, vejo uma foto e receio que todas as minhas tentativas de encontrar calor percam o sentido. Isso porque sinto a ausência daquela moça de cabelos escuros que, pelo visto, traz ainda mais frio.
Hoje, pela manhã, saí de casa, dei uma volta no lago, porém, enquanto corria e o vento batia, aos poucos, o sentimento nostálgico de solidão e o frio intenso me oprimiram e me fizeram refletir: “Para onde estou indo? Não faz sentido. É um dia frio. Qualquer tentativa de me aquecer é em vão, pois ela não está aqui”.
Como me vi sem saída, retornei para casa e fui obrigado a aceitar minha condição, que são de dois pés frios esperando ansiosamente pelo calor dos seus. Espero que você não demore mais tempo aí nas terras do norte. O inverno chegou e quero aproveitá-lo com você. Chá, chocolate quente, e uma lareira. Sozinho não acharei graça nenhuma.