A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), divulgou em relatório no início de 2021, que o ano de 2020 entrou para a história como aquele em que a humanidade sofreu com uma crise sanitária sem precedentes, que afetou a economia –agravando a crise global do capitalismo – e as relações sociais. Não podendo ser esquecido para que os erros, as omissões e os verdadeiros crimes cometidos por alguns dirigentes de países não se repitam.
Para a categoria dos jornalistas, 2020 teve particularidades. Mundialmente, houve um efeito positivo com a profissão recuperando parte de sua credibilidade, mostrando-se ainda mais necessária para as sociedades democráticas e os jornalistas, contudo, sendo reconhecidos profissionalmente.
No Brasil, entretanto, registrou-se também particularidades negativas. 2020 foi o ano em que jornalistas arriscaram suas vidas (e muitos morreram), tiveram suas condições de trabalho mais precarizadas e sofreram ainda mais ataques violentos, por estarem cumprindo seu papel social.
Ainda de acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas, em 2019, o número de casos de ataques a veículos de comunicação e a jornalistas chegou a 208, aumento de 54,07% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 135 ocorrências. Em 2020, a situação agravou-se. Houve uma verdadeira explosão da violência contra jornalistas e a imprensa de um modo geral. Foram 428 ocorrências, 105,77% a mais do que em 2019. A descredibilização da imprensa, como no ano anterior, foi a violência mais frequente: 152 casos, o que representa 35,51% do total.
Ahhh o jornalismo, profissão que a cada ouvido tem sua opinião, principalmente nos dias atuais, onde infelizmente temos um líder no país que ofende, menospreza, repudia e compartilha esses insanos e medíocres pensamentos sempre que possível.
O que dizer para nos defender? O que dizer para quem sempre admirou esse árduo e imprescindível trabalho? O que dizer para aquele que tanto sonhou e tomara que ainda sonhe em fazer o mesmo que nós?
Que o jornalismo sempre ganhou espaço dentro da política é inegável, cada qual com sua editoria, opinião, ideologia…. Mas daí, acabar e massacrar esses profissionais vai além de qualquer limite da insanidade de um ser que tem como único objetivo representar a população.
Mas nada foi novidade quando vimos o vírus que devastou o mundo também ganhar viés político. Dessa vez, não massacrando profissionais, mas sim vidas. E agora, o que temos?
Mais de meio milhão de vidas perdidas pela pandemia, isso apenas no Brasil (marca registrada, segundo o Consórcio de Veículos de Imprensa, em 19 de junho de 2021). Nós, jornalistas, que estamos na linha de frente, buscando a verdade, muitas vezes somos ameaçados, demitidos e até pressionados por um sistema que chega a ser ditatorial. É triste. Nós precisamos cumprir o nosso papel de informar. É só isso.
A pergunta que fica é: Quando você busca por informação, você busca aquilo que quer ouvir ou a real situação em que vivemos?
Você acredita em quem? Em quem tem a responsabilidade de lhe informar com apuração afiada, correta e precisa ou em quem deveria chefiar uma nação e se torna a principal arma de ataques contra profissionais da imprensa? Sozinho, Jair Bolsonaro respondeu por 175 registros de violência contra a categoria (40,89% do total de 428 casos): 145 ataques genéricos e generalizados a veículos de comunicação e a jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um de ameaça direta a jornalistas, uma ameaça à Globo e dois ataques à FENAJ.
A minha esperança é a reflexão, um excelente momento para isso. Por que esses jornalistas massacrados, julgados e ofendidos pelo excelentíssimo senhor presidente acordam sem hora para dormir, correndo risco de vida, como em qualquer outra profissão arriscada? Porque o que move é mostrar a verdade dos fatos (pelo menos na maioria das vezes), como se diz, em toda árvore existe sim uma laranja podre, não estou passando a mão na cabeça de pessoas que buscam a excelência da comunicação para seu proveito, seja de que maneira for.
Só peço reflexão, o jornalismo não pode, não merece, não vai permitir tamanha ingratidão. As milhões de vidas perdidas pelo mundo também carregaram a podridão desse universo que manda em todos nós, isso foi o auge. Por isso tantos questionamentos. Por isso a verdade precisa aparecer. Por isso os jornalistas de verdade precisam ter suas vozes gritadas ao mundo e não silenciadas. Até quando seremos agredidos por cumprir nosso papel? Até quando?
Jornalista, radialista, produtora executiva de TV. Ex colunista do Sobrevoo, da Gazeta de Bebedouro e hoje atua na agência Com5.