Amor sem fronteiras

Por Sérgio Fraga e Thalita Vieira

Médicos Sem Fronteiras completa meio século de existência e 30 anos de atuação no Brasil; são várias ações e atividades dessa organização que é Nobel da Paz de 1999.

Um médico do MSF examina uma criança. Ano de 1996. Boa Vista, Roraima. (BOA VISTA, RORAIMA, BRAZIL, SOUTH AMERICA, 01.07.96 An expat with child).

Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência médica.

Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos.

A instituição foi criada em 1971, há 50 anos, na França, por jovens médicos e jornalistas, que atuaram como voluntários no fim dos anos de 1960 em Biafra, na Nigéria. Enquanto socorriam vítimas em meio a uma guerra civil brutal, os profissionais perceberam as limitações da ajuda humanitária internacional, como a dificuldade de acesso ao local e os entraves burocráticos e políticos, que faziam com que muitos se calassem, ainda que diante de situações gritantes.

“Neste contexto, o MSF surge como uma organização humanitária que associa ajuda médica com o propósito de sensibilizar o público sobre o sofrimento de seus pacientes, dando visibilidade às realidades que não podem permanecer negligenciadas”, explica Nira Torres, diretora de comunicação do Médicos Sem Fronteiras.

São mais de 63 mil profissionais de diferentes áreas e nacionalidades que fazem parte das equipes humanitárias. E em reconhecimento ao trabalho prestado, em 1999, a instituição recebeu o prêmio Nobel da Paz.

O MSF também atua em países que sofreram grandes mudanças populacionais devido a conflitos e catástrofes naturais, incluindo Síria, Iraque, Afeganistão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Honduras.

“Só para dar alguns exemplos, a instituição trabalha em diversas partes do mundo para fornecer aos refugiados e deslocados internos os cuidados médicos que necessitam, de atendimento psicológico a nutrição. Cuidamos de um grande número de pessoas deslocadas em países como Paquistão, Bangladesh, Jordânia, Líbano, Uganda e Etiópia”, explica a diretora.

Meio século de existência

Há 50 anos, as equipes do MSF oferecem atendimento médico para as pessoas que estão em contextos de guerras e conflitos armados, afetadas por desastres socioambientais e epidemias, migrantes e refugiados(as), que não têm recursos ou atendimento adequado nos sistemas de saúde locais.

“Neste ano tão difícil, a instituição completa meio século de existência, temos a oportunidade de reafirmar a legitimidade da nossa missão, e usar esta história para falar sobre as situações enfrentadas pelas populações mais vulneráveis, bem como os desafios para levar cuidados aos que mais precisam e enfatizar, infelizmente, o quanto a organização ainda tem por fazer”, comenta Nira Torres.

O Médicos Sem Fronteiras já esteve presente em diversos casos mundiais, em 1976, no Líbano, por exemplo, as equipes humanitárias realizaram operações de cirurgia no primeiro grande projeto em uma zona de guerra.

Quatorze anos depois, a organização esteve presente em Ruanda, quando cerca de 800 mil ruandeses(as) da etnia tutsi foram assassinados(as) por milicianos hutus. Na ocasião, o Médicos Sem Fronteiras tomou a decisão, sem precedentes, de pedir intervenção armada internacional no país com uma justificativa simples: “médicos não podem parar um genocídio”.

Desde 2015, as equipes realizam operações de salvamento e resgate dos(as) migrantes e refugiados(as) no Mar do Mediterrâneo. Eles(as) partem da Líbia em direção à Europa em uma das travessias marítimas mais mortais.

Em 2019, a instituição esteve em regiões do Sul da África oferecendo ajuda às vítimas do ciclone Idai, que atingiu fortemente Moçambique, Madagascar, Zimbábue e Malaui.

Na África do Sul, médicos(as) e enfermeiros(as) prestam cuidados a pacientes com HIV e tuberculose, vítimas de violência sexual e migrantes vulneráveis no país.

No ano passado, a organização esteve em mais de 90 países com projetos de combate à Covid-19 e de saúde para quem mais precisava.

De acordo com Torres, embora a pandemia seja uma emergência global, as pessoas continuam a morrer de malária, desnutrição e outras doenças, muitas vezes por falta de atendimento médico disponível.

“Por isso, enquanto oferecemos resposta à crise causada pelo novo coronavírus, também nos preocupamos em manter o acesso das populações a cuidados médicos, além de ajudar a evitar que os sistemas de saúde locais fiquem sobrecarregados. A pandemia não acabou e, este ano, ainda lidamos com um cenário de saúde bastante complexo e com muitas demandas humanitárias”, explica a diretora.

Ações realizadas no Brasil

No Brasil, as atividades do Médicos Sem Fronteiras foram iniciadas em 1991, há exatamente 30 anos. O primeiro projeto foi de um atendimento que visava conter a epidemia de cólera na região Amazônica (Pará e Amazonas).

Essa epidemia chegou ao país pelo Peru e atingiu o norte do Brasil, tendo seu primeiro caso em Tabatinga, no Amazonas. Desde então, o foco de atuação do MSF no país são as populações vulneráveis e com dificuldades de acesso à saúde. Isso inclui pessoas em situação de rua, migrantes e comunidades indígenas.

“Ainda na década de 1990, combatemos uma epidemia de malária que afetava a população indígena de Roraima. Na ocasião, capacitamos centenas de agentes de saúde indígenas que continuaram a atuar após a conclusão do projeto do Médicos Sem Fronteiras”, conta Nira Torres.

Durante as três décadas, a organização vem realizando grandes ações para cidadãos(ãs) brasileiros(as), como os trabalhos com a população em situação de rua do Rio de Janeiro, as atividades de reforço à assistência de saúde primária em favelas, o apoio às vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, atuações contra a Covid e várias outras.

Em Brumadinho, município de Minas Gerais, onde ocorreu o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, a instituição atuou, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2019, com uma ação de emergência em saúde mental para coordenar e oferecer ajuda psicossocial às pessoas afetadas.

“Essas atividades fazem parte do Médicos Sem Fronteiras e consideramos que a assistência psicológica é importante em uma ação emergencial. Tanto a população quanto os profissionais são impactados por tragédias e precisam de suporte para enfrentar os momentos difíceis”, afirma a diretora.

As ações de saúde mental foram destinadas a pessoas que perderam familiares e conhecidos no desastre e, também, aos profissionais que trabalharam nas buscas e resgate. Tais ações incluíam primeiros socorros psicológicos e psicoeducacionais, individualizadas e em grupo.

“Nossa experiência em desastres mostra que é extremamente importante oferecer serviços de saúde mental já nos primeiros momentos após eventos dessa magnitude, sendo parte da estratégia para lidar com uma grande emergência, como a que pudemos acompanhar em Brumadinho”, relata a psicóloga Débora Noal, que coordenou a equipe de MSF na região. 

Todo o trabalho da organização foi articulado com as equipes do Sistema Único de Saúde (SUS) e demais autoridades presentes no município.

Atuações em relação à Covid-19

Em 2020, com a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil e a rápida disseminação do vírus, o Médicos Sem Fronteiras rapidamente se mobilizou para mais uma de suas atuações no país.

“A instituição disponibilizou um volume inédito de recursos humanos e materiais, conseguindo rapidamente iniciar atividades direcionadas às pessoas que mais precisavam de ajuda nesse momento”, acrescenta a diretora.

Esse apoio se deu, principalmente, à população que já se encontrava em estado de grande vulnerabilidade antes da pandemia do coronavírus, e infelizmente, passou a enfrentar uma situação ainda mais grave.

O MSF testou casos sintomáticos de Covid-19 com testes rápidos de antígeno em Fortaleza, Ceará. (During MSF mobile clinic activities in the Grande Bom Jardim territory and the José Walter neighborhood, in Fortaleza, MSF tested symptomatic cases of COVID-19 with rapid antigen tests).

A organização também oferece suporte a sistemas de saúde fragilizados e com dificuldade de responder à forte demanda. Essa atuação se deu em 12 estados brasileiros, com foco maior nas regiões Norte e Nordeste do país, onde há maior dificuldade de acesso a esse serviço.

Com relação ao novo coronavírus, Nira conta que o MSF está sempre capacitando profissionais de saúde locais para responderem e estarem mais bem preparados(as) para enfrentar a pandemia.

Nessas ações contra a Covid, foram desenvolvidas estratégias de prevenção e diagnóstico precoce de casos, atendimentos em clínicas móveis e até testagens de pacientes. O apoio também inclui o aprimoramento de protocolos de prevenção e controle a infecções, e o treinamento de equipes médicas locais em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais.

A equipe também oferece apoio psicológico em consultas individuais ou em grupo para profissionais da área da saúde que estão na linha de frente e que precisam de ajuda.

Durante toda a pandemia, a organização enfatizou a necessidade de adotar medidas de prevenção. Mesmo com as vacinações em andamento, ainda é necessário manter as regras de distanciamento social e de higiene. Ações simples como lavar as mãos, evitar aglomeração e utilizar máscaras continuam sendo as mais efetivas.

Ser Médicos Sem Fronteiras

Iana Olímpio, enfermeira. Há 5 anos atua no MSF e já trabalhou em seis projetos, sendo o último em março deste ano, em Moçambique.

Iana Olímpio, 32 anos, pernambucana, de Recife, é enfermeira do Médicos Sem Fronteiras, desde 2016. Ela diz que sempre admirou a organização e, um dia, foram até sua cidade natal para fazer uma campanha de divulgação.

“Na ocasião, o Médicos Sem Fronteiras também estava recrutando profissionais que tivessem interesse pelo trabalho humanitário. Durante esse evento, o time passou um filme sobre a atuação do MSF durante a epidemia de ebola, na África, com depoimentos de profissionais brasileiros. Eles contaram suas vivências e senti um chamado naquele momento. Senti que eu gostaria de viver aquelas experiências e que estava pronta para assumir a responsabilidade”, conta a profissional.

De acordo com Iana, no dia seguinte ela mandou o currículo e foi logo convidada para a primeira entrevista. Após dois meses e de outras fases do processo seletivo, ela foi recrutada para a primeira atividade na organização.

Nesse tempo, Iana já participou de seis projetos. O primeiro foi em Moçambique, na província de Manica, onde atuaram com clínicas móveis em comunidades isoladas e de difícil acesso.

O segundo foi em Serra Leoa, na cidade de Kenema, onde a instituição estava construindo um hospital pediátrico.

“Minha função era aumentar a capacidade técnica dos profissionais locais de três centros de saúde comunitária, que seriam os responsáveis pelas transferências de pacientes para esse novo hospital. Nosso foco de atendimento, neste caso, eram crianças menores de 5 anos”, explica a enfermeira.

O terceiro foi novamente em Moçambique, logo após a passagem do ciclone Idai. Na época, o Médicos Sem Fronteiras já estava no país respondendo ao surto de cólera.

O Sudão do Sul foi o quarto projeto e o que ela considera uma das melhores experiências na organização.

“Estive lá em um contexto difícil, já que havia um conflito armado. Nessa ação, o MSF era responsável pela ala pediátrica do hospital estadual onde trabalhei”, conta Iana.

No quinto trabalho, ela foi para o Afeganistão, mais precisamente para a cidade de Kunduz, onde a instituição tinha uma clínica e também estava na fase final de construção de um hospital. Era um novo centro de trauma, onde ela foi a responsável pelo recrutamento e treinamento de novos(as) enfermeiros(as).

“Em março de 2021, voltei do meu último trabalho, que foi em Moçambique novamente, só que dessa vez em um contexto totalmente diferente dos outros dois. Fui para a província de Cabo Delgado para um projeto de emergência. Nosso trabalho lá era oferecer assistência médica para a população que estava fugindo da violência do norte da província”, comenta a enfermeira.

Casos de trabalhos nos países em conflito são recorrentes, os contextos mais perigosos vividos por Iana foram no Sudão do Sul e no Afeganistão.

“No Sudão do Sul, havia um conflito armado e era possível ouvir tiros à noite, quase todos os dias. E, no Afeganistão, quase toda noite a gente ouvia bombardeios e tiros”, relata a profissional.

Porém, segundo Iana, o MSF tem profissionais que pensam apenas nas questões relacionadas à integridade da equipe. Em toda ação, há pessoas que só têm uma razão para estarem lá: cuidar da segurança.

“Por isso eu sempre trabalhei tranquila, pois sabia que tinha alguém que estava preocupado com o meu bem-estar físico”, acrescenta a enfermeira.

Iana destaca também as ações que mais chamaram sua atenção. De primeira ela cita o Afeganistão, não só pela questão da segurança e do contexto de conflito armado, mas por ser uma cultura totalmente diferente daquelas que teve contato.

“Acho que o meu último projeto, em Moçambique, também foi bastante impactante, porque eu acreditava que já tinha bastante experiência de terreno e não iria me chocar com mais nada. Até o momento que cheguei ao campo de refugiados com mais de 12 mil pessoas morando em abrigos de plástico e com banheiros improvisados. Aquilo me chocou muito”, conta a profissional.

De acordo com Iana, testemunhar a maneira como a população estava vivendo, impactava no seu trabalho. Ela não conseguia parar de pensar em como aquelas pessoas estavam dormindo sem energia elétrica, sem água e muitas vezes sem alimento. Neste caso, para a enfermeira, foi bem difícil separar a parte emocional do profissional.

“É claro que após 5 anos e seis projetos tenho muitas histórias, daria até para escrever um livro, mas tem uma que eu gosto muito de contar. No Sudão do Sul, uma mãe trouxe uma criança de 1 ano que pesava três quilos. Ela veio nos procurar porque, desde que a filha nasceu, ela não ganhava peso. Isso acontecia, pois após se alimentar a criança vomitava e ninguém conseguia diagnosticar o problema. O bebê recebia tratamento para desnutrição, que não tinha sucesso. Até que ela chegou no hospital, no departamento de pediatria, e nossa equipe conseguiu diagnosticar uma condição que fazia com que o esôfago dela fosse mais estreito, impedindo que o alimento chegasse ao estômago”, conta.

Segundo a enfermeira, a equipe do Médicos Sem Fronteiras conseguiu diagnosticar o problema basicamente pelo quadro clínico, porque não tinha muitos recursos de medicina diagnóstica na unidade. Assim a criança foi transferida para um hospital na capital onde realizou a cirurgia.

“A mãe agradeceu muito e nós ficamos emocionados. Após a cirurgia, ela teve alta do hospital e voltou para continuar o tratamento de desnutrição. Logo vimos o resultado com o ganho de peso da criança”, relata a profissional.

Por esses exemplos, Iana acredita na extrema importância da organização para o mundo. A profissional afirma que a instituição consegue oferecer assistência médica de qualidade a populações vulneráveis e sem acesso a cuidados de saúde, dando visibilidade às realidades negligenciadas.

“Minha maior motivação para continuar no MSF é saber que o meu trabalho faz diferença na vida de muitas pessoas. Saber que os pacientes atendidos estão sendo tratados com qualidade e em um local onde ninguém mais está fazendo isso. Não fazemos a diferença apenas para os pacientes, mas também para os profissionais locais com os quais trabalhamos”, explica a enfermeira.

De acordo com Iana, médicos(as) e enfermeiros(as) locais têm a oportunidade de desenvolver capacidades, e os(as) profissionais da instituição têm a chance de trocar aprendizados.

“É uma troca muito enriquecedora e que motiva a equipe a querer fazer parte das ações por mais tempo”, destaca.

Equipe de colaboradores(as)

Segundo a organização, a equipe de colaboradores(as) é formada por pessoas que acreditam no trabalho humanitário, imparcial, neutro e independente. Apesar do que muitos pensam, os profissionais não são voluntários, eles são remunerados pelo trabalho desempenhado. Mas a verdade é que mais do que um salário, esses profissionais são atraídos pela satisfação em ajudar outras vidas.

Embora grande parte dos(as) profissionais sejam médicos(as), o MSF conta também com psicólogos(as), enfermeiros(as), especialistas em logística, finanças, recursos humanos e outras funções necessárias à prestação de cuidados de saúde nos contextos onde atuam. Tais ocupações vêm sendo frequentemente buscadas pela organização.

Atualmente, existem mais de 63 mil profissionais trabalhando para a instituição em todo o mundo, incluindo as atividades nos projetos e nos escritórios existentes em dezenas de países. Entretanto, de acordo com a diretora de comunicação, as ações são dinâmicas, por isso o número de profissionais é flutuante.

Por exemplo, no Brasil, com a chegada da pandemia, houve um aumento no número de recursos humanos numa escala sem precedentes, porém as equipes são readequadas constantemente conforme a evolução da Covid.

O MSF desenvolveu projeto de combate à Covid-19 em Manaus, Amazonas, durante o primeiro semestre deste ano.

“Desde abril do ano passado, a organização mobilizou um volume inédito de recursos humanos e materiais e conseguiu rapidamente iniciar atividades direcionadas às pessoas que mais precisavam de ajuda. Iniciamos nosso trabalho com populações vulneráveis de grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, e depois decidimos focar nas regiões Norte e Nordeste do país, onde há maiores dificuldades de acesso a esse serviço”, explica Torres. 

De acordo com Iana Olímpio, enfermeira da instituição, antes de partirem para os projetos relacionados à Covid no exterior, eles(as) são direcionados(as) a diversas orientações com uma médica brasileira, que realizou o acompanhamento de saúde dos profissionais.

“Recebemos informações sobre as medidas preventivas para a Covid e orientações sobre o que devemos fazer, caso apareça sintomas relacionados à doença. Quando chegamos ao local de trabalho, temos que seguir todos os protocolos determinados pelas autoridades do país”, afirma a profissional.

Conforme a enfermeira, geralmente é realizado o período de quarentena junto ao teste de Proteína C-reativa (PCR) para identificar se há ou não a infecção do vírus. Dependendo do local onde irão atuar, são passadas outras instruções sobre o que fazer caso tenha algum sintoma. Além disso, quando retornam do projeto, a equipe também é orientada a ficar em quarentena.

“Como temos muita experiência em atender as populações afetadas por epidemias no mundo, nossas práticas e rotinas de segurança são bastante rígidas e técnicas. Inclusive, durante a pandemia, um dos trabalhos mais importantes que desenvolvemos no Brasil foi o treinamento das equipes de saúde locais quanto aos protocolos de prevenção e de controle a infecções em instalações médicas. Esses treinamentos são um legado, já que os médicos e enfermeiros continuarão utilizando as boas práticas mesmo após o encerramento das nossas atividades”, comenta a diretora de comunicação.

Não apenas no Brasil, mas de forma geral, a organização avalia constantemente a situação de segurança de cada país ou região em que tem um projeto de assistência médica, definindo regras rigorosas que devem ser respeitadas por todos, minimizando a exposição ao risco.

O MSF trabalha em muitos locais onde as condições são precárias e em contextos de conflito, por isso, sempre há algum risco nas ações, que varia de acordo com o local e o momento, como no caso recente na região do Tigré, no norte da Etiópia, em que houve ataque direto aos(às) profissionais da instituição, levando a morte de três funcionários, um da Espanha e dois da Etiópia. 

Em agosto deste ano, mesmo com o Estado Islâmico tomando o poder, a organização também continuou realizando atividades médicas em todos os cinco projetos no Afeganistão, nas cidades de Herat, Kandahar, Khost, Kunduz e Lashkar Gah. Foram várias consultas e cirurgias feitas nesse período, com as equipes trabalhando 24 horas por dia.

Para mitigar o risco, é avaliada constantemente a situação de segurança e são definidas regras estritas que devem ser respeitadas por todos(as) da organização, minimizando a exposição ao perigo.

“Também temos a preocupação de divulgar, em todos os contextos onde atuamos, que nosso trabalho é neutro, imparcial e independente. Acreditamos que essa postura favorece a segurança dos nossos profissionais embora, infelizmente, não garanta que jamais seremos alvos de violência.” afirma a diretora.

Seja um(a) doador(a) e ajude a salvar vidas

O Médicos Sem Fronteiras é uma organização não governamental e sem fins lucrativos, ou seja, seu financiamento é feito, quase exclusivamente, por doações de indivíduos e empresas de todo o mundo.

De todos os recursos recebidos no último ano, cerca de 97% provém de doadores individuais e da iniciativa privada, tais recursos são fundamentais para manter a instituição.

De acordo com a diretora de comunicação, esse suporte também é fundamental para manter a independência e a autonomia na realização dos projetos.

É através das contribuições constantes, feitas pelos “Doadores Sem Fronteiras”, que o MSF consegue manter o trabalho de forma independente de poderes políticos e econômicos, além de conseguirem se planejar e agir rapidamente de acordo com a emergência de cada demanda.

As doações ajudam a tratar doenças, adquirir com antecedência vacinas e outros insumos necessários para a realização de campanhas de prevenção e combate a epidemias. Além disso, ajuda também a reduzir custos administrativos com ações voltadas para a captação de recursos.

Por isso, se você tem o desejo de se tornar “Doador Sem Fronteiras” e ajudar a salvar vidas, não perca tempo! Acesse o site msf.org.br/como-ajudar e faça sua doação. Ou, se preferir, ligue para 4004-5545 (capitais e regiões metropolitanas) ou 0800 940 3585 (demais localidades de qualquer telefone fixo).

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