Vocês Venceram, Gauleses – Parte 3

Por César Belardi

Em minha defesa, apresento um dos personagens de “Transitálica”: é um romano, piloto campeão de corridas de bigas, “contratado” para vencer a corrida, a qualquer custo, por todo o país e mostrar que não só todos os caminhos levam a Roma, mas que esses mesmos caminhos estão em perfeito estado de conservação. Nós, aqui no Novo Mundo, sabemos muito bem o que é uma estrada, rua ou calçada “bem cuidada”… não porque convivemos com isso todos os dias, em todos os lugares. Ao contrário! Quando nos deparamos com um desses caminhos inteiros, sem buracos ou alguma obra escandalosa, ficamos admirados. Alguns chegam a fotografar, para provar a existência!

Ah, sim, o nome do piloto?

Coronavirus.

A data de publicação desse álbum? Outubro de 2017. Bem antes de todo este caos que estamos vivendo na saúde mundial – e nacional – se abater sobre nós. Ele, o vírus, já estava por aí, rondando. O piloto, um assecla do imperador romano, fazendo estrago em nome da coroa, justifica bem seu nome. Ele, piloto, criado pelo Império Romano. O outro, vírus, não! Sempre esteve por aí e, infelizmente, estará ainda por muito tempo, como uma força da Natureza que é. Essa piada, depois da pandemia, tomou outro porte, deixando de ser apenas uma provocação bem-humorada a alguns líderes e suas (ir)responsabilidades inerentes aos seus cargos.

Se estivesse impressa definitivamente em algum texto publicado em livro ou site antes de 2020, minha consciência iria me perturbar a cada instante, enquanto não encontrasse uma maneira de rever essa referência a trazê-la para uma realidade muito mais cruel.

Você percebe, agora, que os gauleses são muito mais ágeis do que podem parecer. Não só eles, mas uma infinidade de outras produções culturais que transitam pelo tempo e pelo espaço, à vontade, para que sejam usufruídas nos dias atuais. A magia está nisso, também. Não é apenas um terreno para o qual podemos correr e brincar como a criança que está em nós. Pode ser um chacoalhão no mundo real. Basta observar e deixar acontecer.

Estou às vésperas de começar a leitura de “Asterix e A Filha de Vercingetorix”, 38ª aventura que, desta vez, parece que vai lidar com as novas gerações de jovens rebeldes que estão à nossa volta, todas cheias de razões e verdades, prontas para nos mostrar que não sabemos de nada, mas que também somos suas referências. Tudo em seu lugar.

E, em breve, “Asterix e O Grifo”…

Estou curioso para saber com quem eles vão mexer dessa vez.

Me entrego à vitória gaulesa. São muito maiores, fortes e sábios do que eu imaginava. O adulto entendeu o aviso: “Protejam-se! O céu pode cair sobre suas cabeças!”.

O garoto pretende voltar para ver menires arremessados, romanos apavorados, poções mágicas, todos os “ixes” perambulando pela aldeia à beira-mar, alguns mais gord… uhn… “fortes” do que outros, sempre sorrindo e brigando por bobagens.

Prometo que, quando voltar, conto como foi.

Agora, deixe ver o que Ideiafix está aprontando…

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