Foto: Pedro Gontijo / Imprensa MG
Tenho visto algumas pessoas pedindo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, como uma opção para a tão sonhada terceira via, já que os que se apresentaram até agora não mostraram força. Bem! Uma coisa que essas pessoas não levam em consideração é o fato do novista Zema ter um flerte, quase uma relação às escondidas, com o presidente da república; e isso é um fato e vou mostrar o porquê.
Se você não sabe, no último debate das eleições majoritárias, o governador Romeu Zema utilizou seus últimos segundos de fala, na TV Globo, para pedir voto para Bolsonaro. De uma forma bem mineira, como quem não quer nada soltou:
“E aqueles que querem mudança, com certeza, podem votar nos candidatos diferentes, que é o Amoedo e o Bolsonaro”.
Notou como foi sutil? Como que uma “casquinhadinha” num pão de queijo, sem ninguém ver. Na época o partido Novo, no Twitter, se manifestou dizendo que isso configurava infidelidade partidária, mas nada foi feito (é fácil entender o motivo).
Particularmente já basta alguém pedir voto para que eu entenda que é um bolsonarista, mas como eu não estou escrevendo para o meu diário, seguimos.
“Vejo que ele é uma pessoa bem-intencionada”. No momento desta frase, dita em entrevista para a rádio Jovem Pan, o Brasil se aproximava de 200 mil óbitos por Covid-19 e ainda não tinha respondido (leia-se fechado com) a Pfizer. Segundo o próprio Zema, “O presidente pode ter os erros dele, mas também tem o acerto”.
Respeito toda opinião diferente da minha, mas nessa altura do campeonato eu não consigo ver boa intenção no presidente. Mas Zema pensa diferente.
Em agosto de 2020, Brasil com 100 mil óbitos por Covid, em entrevista para o site DW Brasil, o governador mineiro disse o seguinte, avaliando a conduta de Jair Bolsonaro: “Como o jogo não acabou, é muito difícil fazer uma avaliação. Não sabemos se, em outros países do mundo, vai surgir ou não uma segunda onda. O comportamento do vírus ainda não foi entendido. Então, é difícil avaliar quem fez certo e quem fez errado até o momento.”
Infelizmente, nesse momento também chefes do executivo já haviam publicado a carta de repúdio contra as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que, na época, criticava o Congresso Nacional, mas Zema se recusou a assinar. Segundo ele, era para que não se comprometesse e que os gestores precisam manter uma boa relação.
Mas, ao não se comprometer, ele atrelou mais sua imagem a do presidente, como no dia em que disse que “estava havendo um movimento exacerbado, desnecessário, com relação a algumas falas, algumas questões do presidente”. E até brincou dizendo que “se o presidente arrotar, vai virar motivo de alguém se manifestar”.
De fato, governador, como o senhor mesmo afirmou em uma outra situação, “a riqueza da democracia é a diferença de opiniões”, mas vindas de alguém como o senhor têm um peso diferente e chegam a doer.
Gostaria muito que o posicionamento que tem adotado nos últimos meses ao dizer, por exemplo, que Jair Bolsonaro “contribuiu para confundir a população”, tivesse ocorrido durante toda a pandemia (que ainda não acabou). E o fato de fazer somente agora, após iniciar sua pré-campanha, viajando por Minas e fazendo lugares públicos de palanque, só me faz acreditar que suas críticas (mornas) são apenas para atrair o eleitorado anti-bolsonarista.
Inteligente que é, provavelmente não vai querer sua imagem próxima a alguém que tem aprovação de apenas 23% da população, segundo pesquisa de intenção de voto, de 24 de junho de 2021, do Ipec. O bom é que se mudar de postura (e dá indícios) vamos testemunhar mais um caso na política de aproximação por conveniência. Mas, se for o contrário, sabemos que ele é um Bolsonarista mesmo, como acredito que é.