Todo mês é amarelo: a importância do Setembro Amarelo no combate ao suicídio

Escrito por: Laiza Castanhari

De volta aos especiais da ComTempo, uma série sobre a campanha que se faz cada vez mais necessária não só em setembro

A segunda edição do Especial Setembro Amarelo ganha ares diferentes em 2020, ano marcado pela pandemia da Covid-19. Nesse ano, a ComTempo vai discutir saúde mental em um contexto social imprevisível e turbulento, que vem mostrando ainda mais a importância em quebrar preconceitos e tabus e falar sobre transtornos mentais e suicídio.

Não é coerente falar de saúde e deixar a saúde mental de lado, visto que, a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio em algum lugar do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por ano, são mais de 800 mil mortes por suicídio. Isso sem falar nas tentativas, que podem ser até 20 vezes mais frequentes.

Esse número vem apresentando queda a nível mundial, após campanhas e estratégias adotadas por diversos países. Infelizmente, o Brasil não acompanha essa tendência mundial e as taxas estão crescendo. Em média, 12 mil pessoas morrem por suicídio anualmente no país.

Segundo a OMS, a nível mundial, o suicídio é a segunda principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos, de ambos os sexos, depois de acidentes de carro. Nos homens, é a terceira causa, depois de acidentes de carro e violência interpessoal (homicídio).

Cada agressão a si mesmo é uma dor manifesta e um pedido de socorro. Quanto mais nos abrirmos para falar sobre isso, mais encontramos caminhos saudáveis para a expressão da dor.

Por que a cor amarela?

Amarelo é uma cor quente, que simboliza o sol, simboliza calor, otimismo e alegria. Apenas pela sensação que transmite a cor, já teria motivos suficientes para colorir uma campanha de valorização à vida.

O movimento de conscientização contra o suicídio começou de forma espontânea nos Estados Unidos, em 1994. Nesse ano, o jovem Mike Emme interrompeu a própria vida aos 17 anos. A história conta que ele tinha ótimas habilidades mecânicas, restaurou o seu próprio carro, um Mustang 68, e o pintou de amarelo.

No velório de Mike, familiares e amigos distribuíram fitas e cartões amarelos, com a seguinte frase: “Se precisar, peça ajuda”. A partir de então, a ação se espalhou pelo país e cartões dessa cor passaram a ser entregues, representando pedidos de ajuda.

A fita amarela tornou-se símbolo da campanha e, em 2003, a OMS instituiu 10 de setembro o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. O Brasil se inspirou na data e iniciou a campanha do Setembro Amarelo em 2015, por meio de ações do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Se precisar, peça ajuda!

O suicídio não é um fenômeno que acontece sem causas. Na maioria dos casos, apresenta sinais prévios. As causas, porém, são complexas e dependem de uma combinação de fatores, o que significa que não podemos atribuir o suicídio a apenas um evento isolado na vida da pessoa, uma condição psicológica ou sociodemográfica.

Nenhum fator, por si só, é determinante, porém, há fatores de risco maiores, como os transtornos mentais e comportamentos decorrentes do uso de substâncias psicoativas. Os mais comumente associados ao suicídio são: depressão, transtorno do humor bipolar e dependência de álcool e de outras drogas, segundo a ABP.

Por isso, é tão importante nos atentarmos à saúde emocional. Comportamentos suicidas podem ser evitados caso o indivíduo seja ouvido efetivamente e receba tratamento adequado. A pessoa que se suicida não deseja, necessariamente, colocar um fim à própria vida, porém não sabe mais como lidar com uma dor insuportável e não enxerga esperanças.

Setembro vem conscientizar sobre o que não deve ser esquecido no resto do ano. Não temos mais tempo de ignorar transtornos mentais, como se fossem menos importantes ou urgentes que doenças físicas.

A falta de atenção dificulta o acesso a uma rede de apoio, aumenta estigmas e desencoraja a busca por ajuda. A campanha vem nos lembrar: podemos ser mais saudáveis emocionalmente, podemos prestar mais atenção nos outros. Todos os meses podem ser amarelos.

Onde buscar ajuda especializada?

Serviços de saúde gratuitos:

CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).

Emergência:

SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – disque 192), UPA (Unidade de Pronto Atendimento), Prontos-socorros, Hospitais.

Psicoterapia:

Além do atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é possível encontrar tratamento gratuito em universidades que oferecem curso de Psicologia. Informe-se nas instituições da sua cidade.

Centro de Valorização da Vida (CVV):

O CVV oferece apoio emocional gratuito e sigiloso, 24 horas por dia, por meio de voluntários treinados para ouvir e acolher quem está passando por aflições. O contato pode ser feito por ligações (disque 188), email ou chat, acessando www.cvv.org.br.

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