O dia a dia na linha de frente contra o novo coronavírus

Por: Mariana Valverde

A Covid-19 chegou e mudou a realidade de muita gente. Jornalistas, manicures, atores, professores, músicos, médicos e outras profissões sofreram alterações que ficarão marcadas para o resto da vida. Alguns pararam de trabalhar, outros tiveram que fazer adaptações online e tem aqueles que estão trabalhando o dobro. Para contar essa história do ponto de vista de dentro de um hospital, entrevistamos Mônica Carolina de Oliveira Furlan. A médica de 28 anos trabalha atualmente em uma Unidade de Saúde da Família na cidade de São Sebastião-SP.

Formada em Medicina pela Unaerp, em Ribeirão Preto-SP, ela iniciou na profissão no final de julho de 2019, quando pegou o seu registro CRM. Apesar da paixão e dedicação à profissão, a médica que trabalha 8 horas por dia, conta sobre as mudanças e dificuldades que a pandemia do novo coronavírus trouxe para sua rotina.

ComTempo – Como sua vida mudou com a pandemia?

Mônica Carolina de Oliveira Furlan – Minha rotina mudou um pouco, pois não estamos fazendo consultas agendadas de rotina, para evitar aglomerações devido à pandemia. As únicas consultas que se mantêm são de pré-natal, com mais dias de atendimento e menos gestantes marcadas por período. Fora isso, renovações de receitas se mantêm normal e atendo o que chamamos de demanda espontânea, o que seria uma versão bem simplificada de um Pronto Socorro, com casos de baixa complexidade e controle de hipertensão e diabetes em pacientes que têm se descompensado muito. Além disso, temos uma área na Unidade destinada aos casos sintomáticos, que podem ser ou não suspeitos de Covid-19 e, para atendê-los, nos paramentamos e mantemos os pacientes isolados dos outros que possam estar dentro da unidade.

CT – Qual a maior dificuldade que você está enfrentando nesse momento?

Mônica – Acho que o problema é a incerteza se houve ou não contato com alguma pessoa contaminada e a saudade da família.

CT – Você mora com familiares?

Mônica – Não, moro sozinha. Por esse fato, minha rotina não mudou tanto fora do trabalho, o que mudou é que vou menos ao mercado e priorizo ficar em casa quando não estou no trabalho.

CT – São dois extremos entre trabalhar diretamente com a doença e ter que manter o isolamento social, né? Como é possível lidar com isso?

Mônica – Faço o que posso para não sair de casa e não ter contato próximo com outras pessoas. Meus contatos mais próximos têm sido dos outros profissionais que trabalham comigo, além dos pacientes que procuram atendimento. Tento evitar interação como forma de respeitar a quarentena e não ser possível foco de contágio para alguém ou receber o vírus de alguém.

CT – Qual a maior diferença de quando você começou na carreira para a situação atual?

Mônica – Não sei dizer ao certo sobre a maior diferença. Muitas coisas mudaram, pois mudei de cidade devido à pandemia e ao trabalho, e todo o restante mudou bastante. Na carreira, tenho atendido mais queixas agudas, o que não é tão comum em USF (Unidade de Saúde da Família). Tenho notado também que as queixas relacionadas à saúde mental têm aumentado.

CT – Já tem planos para quando a pandemia acabar?

Mônica – Acho que o principal plano é visitar minha família em Marília e poder aproveitar um pouco a praia, já que agora moro no litoral. —

As mudanças no sistema de saúde brasileiro vão acontecendo conforme a necessidade dessa doença que ainda é novidade. Por isso, traz com ela surpresas desconhecidas pelos médicos, enfermeiros, cientistas e biólogos.

Atualmente, o Brasil marcou mais de 1 milhão de casos confirmados e mais de 48 mil mortes. por isso, o que nos resta, é seguir as recomendações essenciais da OMS (Organização Mundial da Saúde), já que, por enquanto, a única forma de prevenção é máscara, álcool em gel 70% e distanciamento social.

A revista ComTempo agradece a médica Mônica, que disponibilizou um tempo da sua rotina restrita e agitada para responder aos nossos questionamentos.

A nossa equipe se solidariza com os profissionais de saúde que trabalham durante a pandemia e com os familiares que estão passando por momentos difíceis com essa doença.

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