Do fim ao começo

Por: Márcia Moreno

O Persona desta décima edição traz paz, tranquilidade, emoção e uma história bem aconchegante e curiosa, para que você distraia a cabeça nas próximas páginas do nosso especial sobre a pandemia do novo coronavírus.
Imagine só alguém que começa sua carreira cuidando do final da vida das pessoas e, depois, resolve mudar: como se entrasse numa máquina do tempo, passa a atuar profissionalmente com o começo da vida humana.

Essa pessoa existe e se chama Claudia Manaia Moreira, psicóloga, especializada em psico-oncologia, doula, mãe de pet e dona de qualidades. Ela pratica exercícios, gosta de apreciar a natureza e até assume seus defeitos. Temos muito a aprender com ela. Venha com a gente e embarque nesta história.

ComTempo – Qual seu nome e sua idade?

Claudia – Sou Claudia Manaia Moreira. Faço aniversário em 30 de julho, o Dia do Amigo. Completarei 40 anos agora em 2020. Nasci em Ribeirão Preto-SP; já morei no Rio de Janeiro e voltei para minha terra natal.

ComTempo – Como foi sua infância e juventude?

Claudia – Era uma criança tímida e tive uma infância brincando com meus primos. Aprendi a nadar na casa da avó italiana, que sempre nos dava amparo com sua mesa farta e atenção. Que falta ela faz…Acho que a juventude é outra fase de inúmeras mudanças no corpo e desenvolvimento da maturidade, então, tanto como outros adolescentes que vejo, passei por vários conflitos para criar minha individuação.

ComTempo – Qual a sua formação e quais foram as suas escolhas dentro da Psicologia?

Claudia – Estudei no Colégio Marista e fiz parte do colegial no Anglo Ribeirão Preto e, a outra parte, no Rio de Janeiro, onde fiz meu primeiro ano da faculdade de Psicologia. Após, retornei à Ribeirão Preto, onde concluí o curso. Formei-me na Unaerp, em 2006. Especializei-me em Psico-oncologia, que é direcionada a pessoas com câncer, quer sejam crianças ou adultos.
Durante o estágio de Psicologia Hospitalar, na faculdade, atendi um jovem que morreu com tumor cerebral. Foi meu contato de perto com a morte de um paciente e também com o ambiente hospitalar. Formei, então, a convicção de que desejava seguir essa área e fiz a especialização neste mesmo local onde perdi meu primeiro paciente.
Sempre tive necessidade de me entender e, também, fascínio pela mente do ser humano, por isso minha busca por essa atividade profissional, a qual exerço até hoje e cresço nela.

ComTempo – Qual é o segredo para sobreviver junto a tantas doenças e mortes?

Claudia – O segredo é o amor pelo que faço, técnica que se aprende com o tempo. Cada ser humano é um universo único com caminhos lindos e tortuosos, sofrimentos, emoções, aventuras e muito mistério inconsciente a ser desvendado no divã.

ComTempo – Além do contato hospitalar, você também trabalhou com uma equipe home care. Como foi trabalhar com a finitude do ser?

Claudia – Por sete anos fui psicóloga de uma equipe home care e iniciei minha profissão em domicílio. Meu setting terapêutico era dentro da casa do paciente acometido por alguma doença grave e incapacitante que, por algum motivo, lhe tirava a liberdade de sair.  Orientava e escutava os cuidadores.
Trabalhava em equipe multiprofissional, fazia o intercâmbio entre paciente e hospital; conversava com a equipe e, como consequência desse trabalho, acompanhei melhoras, curas e me despedi.
Participei da finitude de muitos pacientes. No momento da morte é muito importante ter uma âncora a quem recorrer e esse é o papel de quem trabalha como psicóloga home care. É preciso ter conhecimento, sabedoria, controle e sensibilidade para estar presente nesses momentos de dor profunda.

ComTempo – Como foi sua migração da finitude para o nascimento?

Claudia – Ao final desse ciclo de sete anos, comecei a me dedicar mais à clínica. Fiquei mais velha e meus interesses mudaram de acompanhar a morte para a dádiva do nascimento de um bebê e todo seu complexo familiar.

ComTempo – Como é isso?

Claudia – Realizo atendimento com crianças e também fiz uma Formação de Doula há quatro anos, me capacitando para entender sobre o parto, o nascimento, pensar no meu próprio parto, caso viesse a ter um bebê e, ao fazer um atendimento na maternidade, fiquei encantada com essa atmosfera.

ComTempo – O que uma doula faz nesses momentos tão especiais como a gestação e o parto, e que se estendem para o pós-parto?

Claudia – Para quem desconhece, a doula é uma profissional que entende dos processos físicos e psicológicos da gestação e parto, e sua função é dar suporte emocional e informações para que uma mulher possa ter um parto satisfatório. A doula realiza acolhimento ao casal parental, faz massagens e utiliza técnicas não farmacológicas de alívio da dor para ajudar a gestante no trabalho de parto.

A maternidade é um momento de intensa transformação física e psíquica, e o acolhimento e suporte emocional se fazem necessários nesse período, podendo evitar vários percalços como, por exemplo, a depressão pós-parto.

ComTempo – Como é estar presente nesses momentos?

Claudia – O momento do nascimento de uma criança é um momento de festa e celebração da vida para os pais e para mim. É uma emoção contagiante daquelas que não temos palavras para descrever.

ComTempo – Além de Psicóloga e Doula, você faz parte do Coletivo Um Sagrado Ventre, do que trata esse coletivo?

Claudia – Um Sagrado Ventre é um coletivo de mulheres que tem o objetivo de apoiar, divulgar seus trabalhos e crescer juntas, afinal, Todas temos um Ventre Sagrado. O Coletivo oferece Cursos Preparatórios que orientam nos cuidados com o recém-nascido, amamentação e também sobre o trabalho de parto, sobre o parto propriamente dito e o pós parto, envolvendo, também, as demais pessoas da família para que haja um bem estar geral.

Comtempo – Como nasceu esse Coletivo e como ele se sustenta?

Claudia: Eu e uma amiga fundamos o Coletivo e eu cuido da administração. Temos alguns colabores e algumas parcerias com empresas.

Estamos em busca de patrocinadores que possam apoiar nosso crescimento, que juntem-se a nós fazendo eventos. Nossa contrapartida é divulgar as marcas. Nosso desejo é envolver mais mulheres nessa rede e, futuramente, criar um canal no Youtube com conteúdos maiores que falem sobre serviços em geral e também sobre nascimento e maternidade, que dê dicas de como aliviar cólicas ou de como tornar mais tranquila a fase de dentição do bebê ou de como organizar um chá de bebê. Um Sagrado Ventre, antes de tudo, visa reforçar o vínculo mamãe/bebê.

Antes de tudo, Um sagrado ventre é uma rede de amor e, eu gostaria muito que todas as mulheres conheçam  nosso trabalho pelo Instagram e pelo Facebook e que divulguem nas suas redes sociais.

Aproveito para deixar meu contato aos interessados: 16 999756690.

ComTempo – De Claudia por Claudia, o que você diria?

Claudia – Minha colega Márcia (Moreno, que realizou esta entrevista) me disse que sou uma pessoa de múltiplas funções e ainda acho tempo para pedalar quilômetros. Ela me perguntou como faço tudo isso e se ainda tenho alguma coisa a fazer.
Gosto de fazer exercícios e atividades na natureza ou na água porque descobri nisso um bem-estar inigualável. O contato com a natureza me traz paz de espírito e uma essência com aroma de alegria, um dia lhe falarei mais sobre isso… Também nesses momentos, aproveito a companhia de grandes amigas e das minhas três gatas, que me mostraram que o gato é um animal muito sensitivo, sedutor e afetuoso.
Mas, a bem da verdade, como qualquer ser humano, tenho meus defeitos e momentos nos quais preciso de cuidados e de ser escutada, então, eu diria que a doula precisa ser “doulada” e a psicóloga precisa ser atendida, simples: um que cuida de outro.

Fone: 16 99975-6690

E-mail: www.cmanaiamoreira.psc.br

Facebook: Sagrado Ventre

Instagram: umsagradoventre

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