Amor proibido nos anos 50 e os perrengues de uma produtora independente

A Âmago Produções, produtora independente de obras audiovisuais, lança nova coluna na ComTempo contando detalhes sobre um curta-metragem que, em 2019, foi filmado. “Pecado Vermelho” é uma história de amor não convencional dos anos 50 e, neste texto de estreia, contamos mais sobre as crises que a produção independente passa em conversa com duas integrantes da produtora.

A diretora de arte Sara Chaves, contou os sufocos enfrentados em relação a locação e ambientação do curta: “Foi muito bacana de se fazer porque o curta se passa nos anos 50, então foi gostoso pensar em cada detalhe, nos figurinos, nos objetos de cena. Nós olhamos em muitas locações, focando em Ribeirão Preto, onde a maioria da equipe mora e foi bem difícil encontrar uma locação que estivesse de acordo com a época proposta e que liberasse para gravação, ainda mais considerando que nós não tínhamos um orçamento inicial para o projeto”, revela a diretora.

Chaves conta que a equipe encontrou, de última hora, um hotel que fica no centro da cidade: “O hotel “Metrópole” já foi locação de outras produções audiovisuais e é datado dos anos 50, então ainda mantém boa parte da estrutura antiga, os detalhes das portas, as maçanetas, o piso, as janelas, tudo encaixou muito bem. As outras locações para as cenas da capela e do convento também foram difíceis de encontrar, pelos mesmos motivos, mas conseguimos por meio de um dos nossos membros, que mora em Pontal-SP e conversou com o padre da igreja local, que permitiu a gravação, o que foi um grande alívio”, conta.

Sobre os figurinos, Chaves entrega a verdadeira responsável pelos méritos: “A Isabela (Salomão, diretora do curta-metragem) tinha  um acervo de peças antigas de sua avó, o que nos poupou gastos extras com roupas, principalmente as femininas. No caso das peças masculinas, tivemos que encontrar em brechós, assim como os sapatos do elenco todo”, explica.

Sobre a maquiagem e cabelo das protagonistas, Sara explica que tudo foi conquistado através de parceria: “Esses detalhes ficaram por conta do salão “RK Jota Concept Hair” que nos patrocinou durante todos os dias de gravação”.

A diretora de arte continua contando sobre suas funções na elaboração do curta: “O cenário e objetos de cena foram, em sua grande maioria, emprestados por amigos e, alguns objetos mais específicos, compramos em lojas populares mesmo, tudo obedecendo à época em que se passa o curta”, finaliza.

Para a diretora Isabela Salomão, a dificuldade em realizar uma produção sem um orçamento são grandes, e ela enfatiza como as parcerias são importantes nesse processo.

“Trabalhar com direção não é algo fácil, é cansativo, você ‘pira’ um pouco, tem surtos leves, mas no final, ver todo o trabalho que construiu com a equipe e ouvir todos os elogios são a confirmação de que é isso mesmo que a gente quer seguir”, explica animada.

“Pecado Vermelho é um curta de época, então todo cenário, figurino e até linguajar dos atores tinham que ser muito bem pensados e trabalhados, tivemos a sorte de conseguir parcerias incríveis com a locação e maquiagem e isso nos ajudou a economizar. Como produtora independente, tiramos todo o dinheiro do nosso bolso, ainda falta acertar umas contas com a equipe”, conta aos risos.

Salomão conta ainda que além de trabalhar com a direção, ficou responsável por cuidar dos contratos, assinaturas e “alguns problemas que chegavam, além de colocar a cara a tapa quando fosse necessário e discutir certos pontos. Cuidei também de várias papeladas, tinha a parte da confiança da equipe em você, tanto dos colegas quanto dos atores, decidir qual o melhor jeito para ser feito, falar “não” quando fosse preciso, e um dos mais difíceis, por ser uma produtora de amigos, foi cobrar o trabalho que precisava ser feito, sabendo que alguém poderia ficar um pouco chateado com isso, mas que era necessário, afinal somos uma equipe pequena, por isso todo o trabalho é dividido, claro que todos têm suas áreas de maior atuação mas a diretora de arte, por exemplo, até figurante foi”, revela.

Sobre a maior dificuldade pra uma produtora independente, Salomão ressalta que é o financiamento e encontrar atores: “Corri atrás de vários atores, fizemos chamada de elenco mas sempre muito difícil achar voluntários, ainda mais sendo um trabalho não remunerado. Tem muita frustração quando algo dá errado, quando algum ator cancela faltando poucos dias pra começar a gravação, quando tem imprevistos de tempo, tudo isso coloca sua comprovação com o trabalho em jogo e temos prazo para cumprir, então é muito estressante. Mas é um trabalho gostoso, eu amo estar em set, amo a correria de filmagem, amo ver o making of e ver o filme nascendo, acho tudo muito lindo e sou apaixonada por isso.”

O curta “Pecado Vermelho” está na fase de pós-produção e será lançado em breve nas plataformas digitais. Os protagonistas foram interpretados por Marina Campello, Laryssa Dreher e Leonardo Barros e a história contou com participação especial de Márcia Moreno. Com os relatos das integrantes da Âmago, pode-se perceber, que infelizmente, o maior problema que encontra-se nas mídias produtoras de conteúdo é a falta de incentivo financeiro para a realização de seus projetos. Apoiem as produções independentes!

Escrito por: Parceria com Âmago Produções

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