“É uma carreira grandiosa, mas necessita de muita dedicação, estudo contínuo e comprometimento”

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“Sugiro que a advocacia jovem seja persistente”, diz Presidente da Comissão Nacional de Educação Jurídica

É o quinto episódio da série sobre o mercado de trabalho. Desta vez, a ComTempo entrou no universo do Direito e conversou com uma recém-formada na área e que já está trabalhando e construindo a carreira que sempre sonhou.

Antes de conhecer essa advogada, apresentamos algumas informações sobre essa profissão através de conversa que tivemos com o presidente da Comissão Nacional de Educação Jurídica, Marisvaldo Cortez Amado. O profissional revela que, de acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2018, cerca de 126 mil bacharéis em Direito se formam por ano no Brasil: “Se levarmos em consideração o número de examinandos que prestaram os últimos três certames da OAB e lograram êxito, temos, aproximadamente, um total de 40 mil novos profissionais inseridos no mercado de trabalho. Lembrando que a advocacia é apenas uma das diversas carreiras jurídicas existentes atualmente”, explica.

Amado comenta que o principal desafio enfrentado por quem resolve seguir essa carreira, “sem sombra de dúvidas, é a inserção e permanência no mercado de trabalho. Atualmente temos mais de 1 milhão de advogados e advogadas inscritos (as) na OAB, o que tornou a advocacia uma profissão bastante concorrida”, analisa.

Além disso, o advogado ainda diz que um grande desafio da profissão “encontra-se na falta de capacitação prática dos profissionais, em decorrência das diversas fragilidades criadas pelo Ministério da Educação que ocasionaram na baixa qualidade dos egressos. Nesse sentido, muitas instituições de ensino superior atualmente não preparam seus formados adequadamente para exercer suas profissões, o que é facilmente perceptível pelos baixos resultados no Exame de Ordem Unificado”, completa o presidente da Comissão Nacional.

Analisando o mercado atualmente, Amado reforça que há uma saturação neste segmento profissional: “Temos muitos profissionais e pouca capacitação técnica, sem levar em consideração as centenas de milhares de bacharéis que não conseguem sequer a aprovação no certame da Ordem”, e continua dizendo que o mercado jurídico no Brasil é um reflexo das péssimas políticas públicas educacionais. “A alta rotatividade no Ministério da Educação ratifica essa afirmação. A saturação do mercado de trabalho é um grande desafio para a advocacia jovem, diante disso, os novos advogados acabam recebendo poucas demandas, o que aliado à formação deficitária resulta na baixa aquisição de experiência real, o que dificulta a permanência na profissão”, exemplifica o advogado.

Para finalizar, perguntamos para o Marisvaldo qual conselho ele dá para aqueles que querem seguir a carreira e, primeiramente, ele sugere que todos os estudantes de Direito não se limitem aos ensinamentos das instituições: “É fundamental que aqueles que desejam seguir nas profissões jurídicas compreendam a vastidão da ciência do Direito, que em hipótese alguma poderia ser absorvida em 3.700 horas em 5 anos, como é determinado anualmente pelo Ministério da Educação. Em segundo lugar, sugiro que a advocacia jovem seja persistente. Os anos iniciais da profissão são árduos, como já citado. É preciso aceitar que o mercado se encontra saturado, para se obter destaque e sucesso na profissão é necessário muito trabalho árduo e muitas horas de estudo. Por último, porém não menos importante, nunca se esqueçam de ter afeto à profissão, pois a felicidade na carreira depende disso”, conclui.

Quem seguiu essa linha de raciocínio foi Daiane Cristina Soares, formada recentemente e que está inserida no mercado. Ela fez um estágio em um fórum pelo CIEE, em 2007 e foi então que começou a se interessar pela área. Em 2011 ela ingressou na faculdade graças ao incentivo do antigo patrão: “José Rodrigo de Almeida, também advogado, viu que eu ‘tinha jeito pra coisa’ e resolveu me ajudar nesse início”, conta a profissional.

Sobre a área que mais admira no Direito, ela cita a criminal: “Acredito ser uma área ‘para os fortes’, pois não é fácil deixar de lado o fato em si e se dedicar apenas em defender o direito que a pessoa tem, de ser defendida”. Já sobre sua visão sobre a carreira, Soares conta que quando entrou na faculdade seu pensamento era voltado para prestar concurso para o Ministério Público e, quando saiu, não se imaginava fazendo outra coisa a não ser “lidar diretamente com o público, resolver problemas das pessoas”, conta.

Sua primeira experiência como profissional foi em uma ação de pensão alimentícia: “Foi tranquilo pois consegui fazer acordo com a outra parte antes mesmo da primeira audiência”, conta entusiasmada.

Essa satisfação é prova de dedicação e muito estudo da advogada, que concorda com as dicas dadas por Marisvaldo no final de sua entrevista, dizendo que o foco é essencial para quem quer seguir na profissão: “É uma carreira grandiosa, mas necessita de muita dedicação, estudo contínuo e comprometimento. Sempre ouvi advogados mais experientes dizerem isso, mas até hoje não  tinha entendido muito bem o significado. Hoje, vejo que sem isso não tem como ter uma carreira de sucesso”, finaliza.

Escrita por: Marcos Pitta

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