Episódio 3 – Uma mulher inovadora e sustentável

Karin Rodrigues

Por Mariana Valverde

Neste terceiro episódio do nosso Especial sobre sustentabilidade, conversamos com Karin Rodrigues, responsável pelo Instagram Por Favor Menos Lixo (@por_favor_menos_lixo).

Karin está há anos fazendo algo que você, eu e toda a sociedade precisaríamos estar fazendo: desperdiçando zero lixo. Vem com a gente saber mais sobre a trajetória dessa mulher incrível, que viajou o mundo conhecendo outras culturas e agora conta como ela mesma faz para seguir à risca esse movimento super importante.

Prazer, zero waste

Karin tem 34 anos e é bacharel em Artes Cênicas, pós-graduada em Administração de Empresas, e mora no Rio de Janeiro.

A ComTempo pediu para essa especialista no assunto explicar para nós como funciona o movimento de desperdício de lixo: “O movimento Desperdício Zero é um movimento de pessoas que buscam reduzir sua produção de descartes (lixo) no dia a dia e, por consequência, parte de seus impactos ambientais”, conta.

No seu Instagram, ela chegou até a compartilhar os poucos descartes que ela teve que fazer durante os três primeiros meses de quarentena e, claro, a maioria foi separado para a reciclagem.

Didática, Karin separou vários ‘Destaques’ em seu Instagram, onde faz indicações, ensina a fazer a feira com zero plástico, apresenta petições importantes para serem assinadas, etc.

Basta uma olhadinha na sua rede social para ver porque ela conseguiu chegar a 4 anos de Por Favor Menos Lixo e a mais de 30 mil seguidores. Ela é dedicada na causa e posta sua rotina de verdade, mostrando cada detalhe de suas composteiras, suas compras, o que dá certo e o que dá errado.

É para seguir, curtir e se inspirar!

Com a palavra, Karin Rodrigues

Karin aderiu ao movimento zero waste (lixo zero, em tradução literal) no ano de 2014. Já em 2015, ela resolveu se dedicar completamente a entender e aprender a reduzir ao máximo o seu lixo. “Já havia conseguido reduzir a um pote de vidro de 600ml. Eu ouvia pessoas falando que não conseguiam se livrar da sacolinha do mercado e eu já havia conseguido”, além disso, ela conta que a maioria das informações sobre isso ainda era em inglês, na época. Foi assim que ela decidiu compartilhar suas experiências pessoais, criando o blog e depois o Instagram Por Favor Menos Lixo.

Sua rotina de desperdício zero conta com a campanha do 5Rs: Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Rot (compostar) e tem muita gente se inspirando nessa nova rotina. “Recebo relatos de muitas pessoas dizendo que eu contribuí para mudanças de hábitos e abertura de percepção delas. Fico muito feliz com isso. Eu vejo mais pessoas abrindo os olhos e se questionando”, conta. Mas ela lembra que ainda há o lado ruim, que atrapalha o movimento: “A força das indústrias e o descaso dos governos são muito maiores. A natureza tem um tempo diferente. Uma vez que se destrói uma montanha, ela nunca vai voltar a existir. O tempo de regeneração é maior e mais lento do que da destruição”, alerta.

Para Karin, o problema não é o lixo que as pessoas geram, mas sim a quantidade exagerada do consumo inconsciente sobre suas reais necessidades. “Já o descarte é um problema causado pelas empresas. As empresas precisam se responsabilizar, enquanto nós nos conscientizamos e educamos”, diz.

“Quem faz parte de uma bolha social privilegiada, não enxerga a calamidade”

Karin fez um mochilão, passando por diversos países, como Quênia, Israel e Noruega, e nesses lugares ela conheceu a realidade do lixão e dos esgotos a céu aberto, que são problemas mundiais. “Eu fui a um aterro sanitário em Israel, mas eu via lixo nas ruas e em parques. Eu fui a um lixão no Quênia, mas os esgotos a céu aberto eram repletos de lixo. No Sri Lanka e em muitos locais, as pessoas queimam plástico e o lixo, pois não têm o que fazer com ele. O problema é GRAVE!”, alerta a ativista, que complementa: “O refrigerante chega facilmente a qualquer canto, em qualquer favela. Mas as empresas não recolhem e os governos não dispõe uma gestão de descartes eficiente”.

É por isso que é tão importante repensar no consumismo exagerado e no descarte correto dos lixos, independentemente de onde você mora ou com quem vive.

“Quem mora na cidade ou faz parte de uma bolha social privilegiada, não enxerga a calamidade, pois o lixo é levado para a zona periférica e escondido debaixo da terra em aterros sanitários longe dos olhos de quem tem mais poder aquisitivo. Mas ele está no quintal de pessoas pobres”, comenta.

Para a ativista, o indivíduo tem que pensar onde ele vive, onde ele mora, afinal, todos estamos num lugar só. “Levando em consideração que o planeta Terra é um só, o lixo pode não estar ao alcance dos olhos de todos, mas ele polui o planeta que é de todos”, enfatiza.

Por onde eu começo?

Perguntamos a Karin por onde uma pessoa comum e leiga como você e eu podemos começar a mudar nossos hábitos, e ela responde: “Acumular os descartes em casa, para ver o que se está consumindo. Analisar, olhar e entender onde pode-se reduzir ou fazer diferente. Querer, esse é o primeiro passo”, finaliza.

A ComTempo agradece a Karin por sua entrevista engrandecedora e muito importante para a sociedade. Com essas palavras, esperamos abrir os olhos e guiar novos rumos para uma sociedade com menos desperdício e mais consciência.

Pensa que acabou? Amanhã tem mais episódio do nosso Especial sobre sustentabilidade! Afinal, onde encontrar produtos que possam prejudicar menos o meio ambiente?

Continue nos acompanhando.

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