Home Office na Pandemia: como evitar o Burnout?

Por: Marcos Pitta
Revisão: Kimberly Souza

Desde que a Pandemia do Novo Coronavírus começou mais fortemente no Brasil, o trabalho remoto, em casa, conhecido como home office, tornou-se ferramenta necessária. Estar em casa, no entanto, não significa que sua saúde mental está isenta das mesmas mazelas que as de um escritório.

Com isso, a ComTempo ouviu a psicóloga Camila Ferrari sobre o comportamento das pessoas que estão trabalhando de suas casas, e como evitar que a pressão do trabalho chegue à Síndrome de Burnout.

Para a psicóloga, a quarentena tem movimentado muitas angústias dentro das pessoas: “Essa situação levanta incertezas, pois não temos respostas prontas para todas as perguntas que surgem nesse momento de pandemia”.

Essas incertezas estão ligadas diretamente com o fato de a maioria das empresas estarem aderindo ao home office para evitar aglomerações nos escritórios: “Há então, entre as pessoas, o medo e a insegurança de perder o emprego, e isso acontece pela situação ser nova e por temos que nos adaptar”, explica Ferrari.

A psicóloga fala também que esses sentimentos geram muitas fantasias dentro de cada um, “principalmente pelo fato de não estarmos sendo observados diretamente por nossos superiores. Por conta desse fator, pode surgir uma questão de querer aumentar a produtividade, e quando falamos do Burnout, estamos nos referindo exatamente a isso, sobre um grande investimento das nossas energias mentais que são direcionadas para as atividades de trabalho, ainda mais agora nessa situação que não conseguimos dimensionar e nem mensurar, com precisão, tudo o que está acontecendo”, completa.

Portanto, como vamos investir nossas energias mentais? A psicóloga explica que é preciso “tomar muito cuidado quando tratamos desse assunto, pois as incertezas e inseguranças podem levar a criação de um ideal a ser alcançado, ou seja, uma busca em cumprir aquilo que o sujeito pensa que estão esperando dele, e assim intensificando a sua dedicação ao trabalho que então passa a ocupar boa parte de seu tempo e o faz renunciar o lazer”.

“Porém, esse investimento total pode entrar em choque com a realidade e o sujeito se deparar com as suas idealizações, pois nem sempre aquilo que ele projetou vai de encontro com os objetivos do lugar em que ele trabalha, gerando um sofrimento muito grande e de desamparo, o que pode ser um dos motivos do desenvolvimento da Síndrome de Burnout”, explica a profissional.

Camila continua dizendo que com o isolamento e a necessidade do home office, “tudo isso vai se intensificando e, por isso, é importante que no dia a dia tenhamos uma auto percepção do nosso rendimento no trabalho e como está nosso investimento mental, tanto no âmbito profissional como fora dele”.

No entanto, esse processo demanda tempo e autoconhecimento. “Então, essa percepção é algo bastante subjetivo e cada um vai percebendo à sua maneira, mas é preciso fazer essa ponderação, se perceber e se analisar para não chegar no nível de desenvolver a Síndrome”.

A ComTempo conversou com a Analista de Negócios na área de Produtos do Itaú Unibanco, em São Paulo, Natalia Seraphim e ela conta que a rotina foi o que a ajudou na concentração durante essa época de pandemia e o home office.

Natalia disse que não fazia home office antes da pandemia, mas não sentiu dificuldade para se adaptar: “O que funcionou para mim foi continuar tendo rotina, mesmo estando em casa. O primeiro ponto foi definir qual o horário eu preciso estar conectada no trabalho para ser mais produtiva, para resolver as pendências com as pessoas envolvidas, para participar das reuniões, etc. A partir daí eu encaixei as outras coisas”, explica a analista.

A jovem citou como exemplo o fato de gostar bastante de se exercitar: “minha academia faz treino online todos os dias pela manhã, então eu tenho um horário certo para dormir, para acordar, para treinar e para entrar no trabalho. Para conseguir cumprir os horários, eu sei que depois do treino eu tenho que ir direto me arrumar, não posso ficar perdendo tempo. Se eu quiser treinar, tenho que acordar no horário definido para dar tempo”, conta.

Natalia reforça o fato de que a rotina é a responsável pelo fortalecimento do seu foco durante o trabalho: “sei que assim que eu terminar o dia de trabalho, terei tempo para me dedicar para as outras coisas, hobbies, descanso e, quanto mais eficiente eu for durante o trabalho, mais cedo eu termino e mais tempo tenho para o lazer”, e continua: “durante o trabalho, a TV está desligada, o celular está no silencioso e muitas vezes longe. O foco é total nos meus afazeres”.

Para ela, dessa forma, os ganhos são para os dois lados: “o trabalho é mais eficiente e satisfatório e ainda consigo desfrutar das vantagens que o home office me proporciona, como ter mais tempo ‘livre’ durante o dia”, e continua dizendo que até economiza financeiramente e está dormindo melhor: “o tempo que eu levava todos os dias para me deslocar até o escritório, agora é economizado. Com isso, eu consigo desenvolver novos hábitos, investir em coisas que eu gosto de fazer mas com a correria quase nunca dava tempo, estudar algum assunto que me interessa, consigo ter uma noite de sono melhor, me alimentar melhor e até mesmo economizar”.

No entanto, ela não descarta a falta que faz o contato com as pessoas: “faz muita falta. Mas nas circunstâncias atuais, se o home office é a solução que a minha empresa encontrou para manter os colaboradores ativos, vou continuar me dedicando da mesma forma, agradecer e ver sempre o lado bom das coisas”, finaliza.

 E você, como está fazendo para se organizar durante o home office? Conta pra gente aqui nos comentários ou nas nossas redes sociais.

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