Episódio 1 – Professor: a história de uma luta diária

Por: Mariana Valverde

Foi após um decreto imperial feito por D. Pedro I em 15 de outubro de 1827 que a profissão surgiu. Segundo ele, “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Então, chegou a alguns a profissão que dá origem a todas as outras, que transmite luta, força, história e resistência: a de professor.

Hoje, todos têm acesso à escola, mas por que será que os professores precisam lutar diariamente para manter o respeito, a dignidade e o mais importante: a aprendizagem?

Será que sempre foi assim? Será que o desrespeito e a desvalorização por este profissional sempre aconteceu?

Em pesquisa realizada no período de 2010 a 2016 pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) foi apontado um ‘apagão de professores’, já que durante esse tempo, o número de alunos que ingressaram em cursos presenciais de licenciatura caiu 10%.

A pesquisa ainda fez uma análise em âmbito geral, mostrando que 47% dos alunos que concluíram a graduação trabalhavam na área, enquanto os outros 18,7¨% estavam em áreas diferentes e um total de 34,3% não estavam trabalhando.

Já em 2019 o foco estava um pouco diferente, pois o pesquisador e professor Ricardo Paes de Barros, do Instituto Ayrton Senna, fez um estudo que indicava excesso de professores, mas sem emprego.

Em sua análise ele descobriu que 1,148 milhão de pessoas se formaram para serem professores do ensino básico entre 2013 e 2017. Já em 2019, época da publicação de sua pesquisa, o Brasil tinha um total de 2,226 milhões professores em atividade. Em contrapartida, a pesquisa mostrava uma queda brusca no número de matriculados no ensino básico: em 2018 foram 7,13 milhões de matriculados, enquanto em 2050 a expectativa é de apenas 6,44.

Violência nas escolas

Em 2019, o Instituto Locomotiva e o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) fizeram uma pesquisa que revelou que 54% dos professores já sofreram violência nas escolas.

Nesse mesmo ano, 81% dos alunos e 90% dos professores presenciaram ou souberam de algum tipo de violência nas escolas estaduais, entre elas bullying, agressão física, agressão verbal e vandalismo.

Mas e a prevenção? No ano de 2019, 57% dos alunos disseram que sua escola já fez campanha contra a violência, enquanto em 2017 esse número era de 78%. Aparentemente, muitas campanhas eram feitas e hoje essa não é a prioridade. Mas essa queda brusca não é a mesma resposta dos professores, já que a porcentagem deles em 2019 é de 83% e 2017 era 84%, considerando uma queda leve.

O salário e a desvalorização são itens que estão no topo da lista para os professores serem cada vez mais desrespeitados. No estado de São Paulo, 80% da população acha que os professores não são valorizados como deveriam, enquanto dentro das escolas a porcentagem é de 82% dos estudantes e 97% dos professores que compartilham da mesma opinião.

Afinal, o que está acontecendo com a profissão ao longo dos anos? É para tentar entender esse contexto profissional atual que a ComTempo decidiu ir atrás de quem mais entende do assunto: os próprios professores.

Afinal, março não é o mês em que se comemora o dia dos professores, mas eles estão aí, espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Sofrem diariamente dentro das salas de aulas, enfrentam desrespeito e desvalorização. Ao longo do tempo, viram o salário de diversas profissões que ele ajudou a construir, subir e o seu estacionar.

A ComTempo se importa com a educação, valoriza o profissional que ensina a ler e escrever, que ensina a ensinar, que ensina e ser, que ensina a contar, observar, criticar, analisar, interpretar, fomentar discussões, sustentar argumentos e muito mais e por isso, preparou esse especial web que traz como fator principal, a reflexão.

Serão, além deste, outros quatro episódios, com entrevistas exclusivas com professores ativos, aposentados, aquele que está chegando agora neste universo e até mesmo com quem já desistiu da profissão.

A proposta é apresentar todos os lados desta profissão, com diferentes pessoas e pontos de vista sobre ela. A reflexão começará a acontecer quando analisarmos o motivo pelo qual uma professora desistiu da carreira e partiu para outra, ou quando entendermos o lado de quem viveu grande parte da vida cuidando e ensinando e tem amor por isso. Vamos conhecer quem batalha diariamente para colocar ordem dentro de um ambiente de ensino e quem mesmo vendo todo o cenário atual desta profissão, consegue ver o lado bom dela pesar mais na balança da vida.

Está preparado para ouvir histórias de quem tem essa profissão no sangue? E de quem deixou ela guardada para seguir outra vida? Você é professor? Se não for, teve algum que te marcou, não teve? Manda esse texto pra ele, acompanhe nossa série de reportagens ao longo dessa semana.

Vamos embarcar nessa aula juntos?

Confira aqui os outros especiais da ComTempo.

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