“O que me encanta são as coisas simples da vida”

Entrevista feita por: Éverton Campos

Recém-formado em Farmácia pela Universidade de Cuiabá (Unic), Jesiel Chagas, 23, é um mato-grossense nascido em Cuiabá. Apaixonado pela área de saúde e pela simplicidade da vida. Em 11 de dezembro, às 19h30, ao ar livre, em meio aos barulhos de carros, de motos, de ônibus, do som acústico e das vozes das pessoas presentes no Parque das Águas, um dos principais da cidade, ele contou a Revista ComTempo as suas experiências na graduação e os seus planos futuros na profissão. Além disso, Chagas revela as suas particularidades e o tempo dedicado ao quartel. Descendente de italianos. Ama o sul do Brasil. Confira abaixo a entrevista feita por Éverton Anunciação, de Mato Grosso.

ComTempo: Como foi a sua infância?

Jesiel Chagas: Ela foi boa, graças a Deus! Eu sempre fui uma pessoa extrovertida, brincalhona. Só que chegou a uma época da minha vida, na transição do 8º ano do ensino fundamental para o 1º ano do ensino médio, sofri bullying pelo fato de ser obeso. A partir daí acabei-me retraindo. Após esse episódio, fiz dieta e resolvi emagrecer.

ComTempo: Você resolveu emagrecer devido aos comentários dos seus colegas?

JC: Não. Eu entrei na dieta pelo fato de estar cursando o ensino médio e, também  por que participaria da formatura. Então não queria aparentar feio, obeso, pois sempre tive um de padrão de beleza.

ComTempo: E qual é o seu padrão de beleza?

JC: Não me aceito em ser uma pessoa gorda e estar acima do peso devido às palavras de ofensas que já ouvi. Sou muito crítico comigo mesmo. Desde pequeno nunca gostei de ser gordinho.  Teve uma parte da minha infância a qual acabei comendo muito, aí engordei. 

ComTempo: Mais isso era por prazer?

JC: Ansiedade.  Eu sou uma pessoa muito ansiosa, então, para ficar bem comigo mesmo tinha que comer.

ComTempo: Hoje como que você reage a isso?

JC: Hoje me controlo. Eu falo “sei que isso aqui é ansiedade se eu comer vai me prejudicar”. Aí faço alguma coisa para distrair, toco violão, canto música, leio livros ou estudo.

ComTempo: Você passou uma temporada no quartel. Como foi a experiência?

JC: O quartel forja homens. Eu entrei um menino e sai de lá um homem. Porque lá você aprende como se portar na vida sem o auxílio de seus pais.  Antigamente ficava em casa e tudo eram eles. Após essa experiência, aprendi a me virar sozinho. Lá é muito bom pra isso! Quando saímos da nossa rotina para viver algo novo levamos um susto!  Para mim foi incrível! Melhorei muito como pessoa, como profissional e como estudante, passei a dedicar ainda mais em tudo que faço na minha vida.

ComTempo: O que mudou após a sua passagem pelo quartel?

JC: Antigamente eu não dava tanta importância, por exemplo, em horários para dormir. A partir do momento que você chega ali cada segundo é importante. Agente aprende a valorizar os mínimos detalhes da vida, a agradecer o que temos. Até o arroz e o feijão. Porque tinha dias que comíamos apenas farofa.  

ComTempo: E quem é Jesiel?

JC: Nossa! Essa é uma pergunta muito difícil (risos)! Costumo dizer que falar do outro é mais fácil, sabemos apontar inúmeros defeitos né, mas quando é gente!?… Eu me considero uma pessoa tranquila, de bem, de paz que não deseja mal a ninguém. Sempre quero o melhor para todos. Por mais que, às vezes, me frustro com algumas amizades, sempre estou disposto a ajuda-las. Sou amigo!

ComTempo: Qual é o seu estilo musical?

JC: Eu gosto de músicas serenas, mais calmas, líricas que fazem refletir sobre a vida.

ComTempo: Do que você gosta?

JC: Na minha vida eu sempre gostei de coisas simples. Então, pra mim vim ao parque já é muita coisa! Valorizo muito o momento e as pessoas que estão a minha volta. Eu não ligo se vou para um lugar chique, às vezes, você vai ao lugar “top de linha”, mas não se sente a vontade. Além disso, gosto de cozinhar e comer comida italiana, principalmente massas. Minha família é descendente de italianos.

ComTempo: É daí que vem a sua paixão pela culinária italiana?

JC: Acredito que sim (risos). A minha família desde sempre fez pratos italianos, então a gente acaba se acostumando.

ComTempo: Em que momento da sua vida você descobriu que queria cursar Farmácia?

JC: Na verdade meu sonho sempre foi cursar medicina. No último ano do ensino médio esse era o meu propósito. Mas quando fui prestar o Enem sofri um acidente enquanto atravessava a faixa de pedestre da Universidade que realizei a prova. Um motociclista me atropelou, graças a Deus nada grave. Porém, não me impediu de realizar o exame. Fui os dois dias. Mesmo assim fiquei abalado e isso afetou o meu psicológico. Quando saiu o resultado no ano seguinte a minha nota não foi o suficiente para Medicina, o único curso da área da saúde que conseguia passar era Farmácia. Aí resolvi ingressar neste e futuramente cursar medicina. Gostei da área.  Agora depois de formado vejo a possibilidade de juntá-las.

ComTempo: Por que medicina?

JC: Hoje tem muitos profissionais que visam apenas o dinheiro. A sociedade está muito carente de médicos que sejam atentos no Sistema Único de Saúde. Às vezes, vamos ao posto de saúde e somos negligenciados. Então isso sempre me tocou, além de ajudar as pessoas que não tem uma condição financeira muito boa.

ComTempo: Como você vê a sua profissão atualmente?

JC: O campo de Farmácia, hoje, é generalista. Com essa modificação nós [farmacêuticos] podemos atuar em diversos campos. Desde clínica até indústria.

ComTempo: Qual área você pretende atuar?

JC: Eu gosto muito da área de manipulação, atualmente é meu o campo de trabalho. Sinto prazer em manipular e me identifico nesta função.

ComTempo: Quais foram os desafios nesses cinco anos de faculdade?

 JC: Foi quando servi o quartel em 2016. Durante esse período tranquei o curso porque não conseguia conciliar a faculdade com o quartel, por mais que fosse semi-integral. Em Farmácia você tem a parte teórica e prática ao mesmo tempo, e ambas eram cobradas em provas. Além disso, se adaptar a uma rotina diferente é um desafio! Após um ano retornei, mas senti dificuldades para acompanhar, então, você tem que redobrar a sua atenção aos conteúdos.

ComTempo: Como está o mercado para sua área aqui em Cuiabá?

JC: O mercado está muito bom aqui para Farmácia. Igual os meus colegas dizem “se o farmacêutico está desempregado no outro dia ele já arrumou outro emprego”. O farmacêutico não fica sem trabalho.

ComTempo: Como você caracteriza Cuiabá?

JC: Uma cidade muito quente (risos)! Essa é a definição perfeita para Cuiabá. Além disso, é muito aconchegante, muito agradável. Igual eu digo para os meus pais “aqui o único problema é o calor né” (risos). O local em si é bom para se conviver, as pessoas são acolhedoras, eu gosto muito daqui.

ComTempo: Você pretende mudar de cidade?

JC: Se um dia eu mudar daqui, irei para o Sul. Gosto de lá, pelo menos não tenho a preocupação com o calor. Para mim, isso é o fator mais complicado, desde pequeno sofro com a alergia devido a temperatura deste lugar. Mas, hoje eu trato e consigo con(viver) aqui.

ComTempo: Quais são os planos futuros?

JC: Então ainda não tenho definido. Mas um dele é entrar para o mestrado no segundo semestre de 2020. Pretendo atuar enquanto isso no mercado de manipulação ou drogaria

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