Episódio 3: Outubro Rosa, a redescoberta de uma vida

Escrita por: Mariana Valverde

Neste terceiro e último episódio do Especial da ComTempo sobre o ‘Outubro Rosa’, conversamos com Melissa Busnello, 36 anos, educadora de beleza, especialista em maquiagem e penteado.

Apenas a partir dos 40 anos que a Sociedade Brasileira de Mastologia indica o exame anual da mamografia, mas foi antes disso que Mel, como carinhosamente é chamada, descobriu que tinha câncer de mama.

A descoberta

A descoberta do câncer veio aos 36 anos, logo após Mel acabar de amamentar. Com um filho de 1 ano e meio, ela resolveu trocar do médico que estava habituada. Na consulta, a doutora pediu a mamografia: “Eu estranhei, porque geralmente pede a partir dos 40 anos, mas ela foi um anjo na minha vida. Fiz ultrassom e mamografia e, no ultrassom, não deu nada”, conta Mel.

A educadora de maquiagem conta que abriu o exame em casa e viu algo diferente, mas o susto maior chegou quando a médica pediu a biopsia.

Já na consulta, com a notícia concretizada, a médica disse uma frase que a marcou muito: “Hoje você chora. Amanhã é um novo dia!”. E foi o que Mel fez. Esse conselho mudou tudo em sua vida.

“Tem muitos dias que estou mal e cansada e tudo bem aceitar esses momentos, mas não dá para parar. No dia seguinte é vida normal de novo”, diz.

Como foi para a família?

“Mãe, o que você tem? Vai curar? Então eu posso descer e jogar bola?”. Foi essa reação otimista do seu filho de 12 anos.

O filho mais velho encarou a situação de forma tranquila e, para Mel, é importante que ele aceite assim: “A gente tem que entender que isso não é um problema. Que legal que eu consegui passar dessa forma para ele, que é apenas um obstáculo e conseguiremos passar por isso na nossa vida”, conta, acrescentando que em sua casa todos ficaram carecas em solidariedade.

O filho mais novo, de um ano e meio, ainda não entende a situação, mas ela conta que desde que descobriu a doença, coincidentemente o filho não pediu mais colo. “Ele não entende, mas ele sentiu”. Além disso, ele é muito apegado ao pai, que tem ajudado muito nesses momentos.

Mel conta que falar para os pais foi mais difícil que isso: “A gente é mãe e sabe, né, aconteça comigo, mas não aconteça com meu filho. Então, para os meus pais o choque foi maior”, conta. Já sobre seu marido, ela define como “parceirão de vida”. Para ela, ele dá o maior apoio nesses momentos mais difíceis.

E o trabalho, como encarou?

“Minha maior preocupação era: e agora? Não vou poder fazer mais nada?”, foi a pergunta feita ao seu oncologista, que respondeu que quem decidiria isso, era ela própria. Por isso, optou por continuar trabalhando como antes, respeitando seus limites.

Logo após raspar a cabeça, Mel foi até a escola onde trabalha para dar um treinamento sobre cabelos e beleza. E foi aplaudida de pé.

Após a primeira sessão de quimioterapia, ela já estava na escola onde dá aula, trabalhando, com auxilio, mas sempre correndo atrás de manter sua vida normal. “A semana que eu fico em casa após a quimio, é difícil porque fico pensando nos problemas, então acho que faz muita diferença ir trabalhar”.

Ela segue o tratamento, passando pela terceira quimioterapia. Mas ela não se assusta: “Uma vez ouvi a Ana Furtado [atriz da Globo que também passou pela doença] dizer que a doença não é seu vilão e sim um professor. E eu concordo com ela. A gente tem que tirar o melhor de todas as situações”, diz.

Auto estima VS doença

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(Arquivo Pessoal/Melissa Busnello)

A cirurgia veio logo após 20 dias da descoberta da doença. E depois, ainda veio a quimioterapia. “Antes de descobrir que eu faria quimioterapia, senti vontade de cortar o cabelo bem curtinho. Quando a notícia veio, saí do consultório e já fui cortar. Não queria o processo de sofrimento de ver o cabelo caindo”, conta.

Para ela, esse é o corte perfeito no qual ela devia ter aderido antes: “Foi uma descoberta, porque eu me vi bonita sem cabelo”.

Mel assume que agora ela se arruma mais e se maquia mais. Não só para não ficar com cara de doente, mas também para se sentir feminina e linda. Mas ela afirma que cuidar de si não é só estética, é saúde: “A gente se cuidar é beleza também… a gente olhar para nossa saúde”.

As redes sociais

Com mais de 7 mil seguidores do Instagram, ela adora falar sobre o assunto: “Eu gosto de falar sobre isso, porque acho que a gente pode tocar as pessoas de uma forma especial. Tanto quem está passando por isso como quem não está e, as vezes, está passando por outros problemas. A forma da gente lidar é essencial pra tudo na nossa vida”, foi assim que Mel decidiu que falaria mais sobre sua doença, conciliando o assunto com a paixão da sua vida: cabelo e maquiagem.

“No Instagram, a gente não costuma consumir muito conteúdo nesse sentido, é sempre mais focado em beleza. E aí eu quis mostrar que eu estou passando por isso e achar uma outra face que a gente não conhece e continuar se arrumando”, afirma.

 “A prevenção foi tudo”

Mel desabafa que se tivesse demorado para descobrir, seria um grande problema. Por isso, ela enfatiza a importância da prevenção.

O câncer é uma doença que evolui muito rápido. No caso dela, especificamente, foi um quadro rápido de prevenção e tratamento. Ela soube da doença, em 20 dias estava fazendo a cirurgia, e nesse dia descobriu que o câncer já estava se espalhando. “O processo foi rápido e por conta da prevenção não está sendo tão doloroso quando poderia ter sido”, conta.

Para finalizar, Mel coloca uma reflexão para todas as mulheres com mais de 35 anos: “A gente está se olhando, se cuidando e se tocando para ver se tem algo diferente em nosso corpo?”, questiona.

Para ela, não adianta cuidar da pele, cabelos e corpo e não cuidar da saúde.

A prevenção é sinônimo de cura, que acontece em 95% dos casos quando se descobre a doença no início.

Siga a Mel no Instagram: @melbusnello e acompanhe suas dicas de maquiagem e rotina de trabalho e vida pessoal.

Para saber os dados sobre a doença, confira nosso primeiro episódio, com dados fornecidos pelo Hospital de Amor sobre os casos de câncer no ano passado e as estimativas para 2019.

No segundo episódio, entrevistamos uma mastologista, que tirou todas as dúvidas sobre a doença e prevenção. 

Essa série, dividia em três episódios, serve para mostrar que outubro está chegando ao fim, a campanha ‘Outubro Rosa’ vai sumir da mídia, mas ninguém, jamais pode deixar de lutar, de prevenir. A luta contra o câncer precisa acontecer 365 dias por ano. E então, vamos abraçar essa luta?

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