O futuro é próspero para o engenheiro de produção

Marcos Pitta

Dando continuidade à série de reportagens sobre o mercado de trabalho, a ComTempo, que já apresentou temas como o mercado para a Estética e a Estatística, escolheu para este terceiro episódio, a profissão de quem se aventura pela Engenharia de Produção.

De acordo com o professor e doutor Carlos Eduardo Sanches da Silva, vice-presidente da Abepro (Associação Brasileira de Engenharia de Produção), os últimos dados levantados pela associação, através de números divulgados pelo Inep, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, em 2018, 100 mil profissionais de Engenharia de Produção entram no mercado de trabalho todos os anos.

Questionado sobre o potencial desta profissão e o crescimento da mesma, o vice-presidente diz ter convicção que o futuro reserva um espaço próspero para o engenheiro de produção: “Basta parar para observar a variedade de produtos e serviços existentes e agregar, a este fato, a crescente oferta destes produtos e serviços e o acesso às importações. Esses produtos precisam ser ‘inventados’, desenvolvidos, fabricados e disponibilizados para o consumo dos clientes”, explica.

Carlos Eduardo explica também que esta sequência é conhecida como cadeia de valor e se agregam “às responsabilidades socioambientais, provenientes não apenas dos recursos utilizados para a fabricação e disponibilidade aos clientes, mas o seu reuso, descarte e reciclagem”. Silva continua explicando que pessoas estão envolvidas nesta cadeia de valor e várias oportunidades podem ser identificadas a fim de otimizar os recursos que são utilizados, e exemplifica: “rotas de distribuição, automações no processo produtivo e redução de desperdícios. Clientes sempre vão querer produtos: inovadores, mais baratos, entregues pontualmente e, rapidamente, com variedade de opções, isenção de erros e que se preocupem com os impactos socioambientais”.

Adentrando com mais profundidade ao cenário desta profissão, o vice-presidente da Abepro afirma que o consumo de quem depende destes serviços é crescente, “assim como as demandas dos clientes por produtos com ciclo de vida menores, principalmente devido a obsolescência tecnológica, emergem oportunidades de inovações e melhores”.

Silva afirma também que a atuação do engenheiro de produção no mercado de trabalho é limitada erroneamente às indústrias de manufatura: “Sua amplitude de atuação é muito maior e envolve setores como, por exemplo, os de saúde, governamentais e do agronegócio, oferecendo produtos e serviços para este profissional atuar como colaborador ou empreendedor”.

A Engenharia de Produção em meio ao avanço tecnológico

Com o crescimento constante da tecnologia e os avanços cada vez mais visíveis dentro do mercado de trabalho, a ComTempo também questionou a Abepro sobre a relação entre mercado x tecnologia, no caso especificamente do engenheiro de produção, e Carlos Eduardo responde que “neste cenário tecnológico, econômico e social, os conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que permitam coordenar, participar e promover as otimizações de produtos e serviços em toda sua cadeia de valor é dinâmica e crescente. Os cursos de Engenharia de Produção possuem, como propósito, desenvolver profissionais com estas competências dinâmicas e, com isso, buscamos o futuro próspero que nos aguarda”, finaliza o vice-presidente da Abepro.

A Comtempo continua, nesta série de reportagens sobre o mercado de trabalho, entrevistando jovens recém-formados e que já estão inseridos na área de atuação. Desta vez, o entrevistado é Adão de Lima, engenheiro de produção, formado pelo Centro Universitário Unifafibe, em Bebedouro, no interior de São Paulo.

adão
Adão de Lima é formado em Engenharia de Produção e está, atualmente, trabalhando em sua área percebendo, cada vez mais, novas perspectivas de crescimento profissional.

O jovem conta que sempre teve dúvida sobre qual carreira seguir quando era adolescente e que diversas ideias passavam pela sua cabeça, por isso, ele realizou vários testes vocacionais e, o resultado, era sempre ligado à área de exatas. Foi então que Adão resolveu cursar Engenharia Química, porém, um colega de trabalho, à época, apresentou-lhe a Engenharia de Produção: “pesquisei melhor sobre a área e tive certeza que seria um bom curso para mim”.

Como primeira experiência na sua área de formação, o engenheiro conta que atuou em uma indústria: “Antes disso, trabalhava em uma empresa na área de recursos humanos, quando entrei na indústria, na área de supply chain (ou “cadeia de suprimentos), também na área de recursos humanos, sendo uma área de atuação da engenharia de produção. É uma indústria de processamentos cítricos pertencente a uma líder em comercialização de commodities”, explica.

Adão conta que neste estágio ficava responsável pela entrada de embalagens e também por relatórios qualitativos e quantitativos de matéria prima: “Foi a primeira vez que me senti colocando em prática algum conhecimento que havia adquirido na faculdade”, e continua: “Quando se está dentro de uma sala de aula, fica difícil enxergar a teoria na prática e esse estágio me proporcionou essa vivência, fazendo-me sentir uma evolução profissional e pessoalmente. Me sentia parte importante dentro de uma organização”.

Sobre sentir dúvidas sobre a carreira, o jovem engenheiro conta que existe, dentro do curso, uma matriz curricular diversificada, trazendo uma base de aprofundamento na área, envolvendo outras engenharias, como a civil, mecânica e mecatrônica, mas não se aprofundando: “Existe um medo durante o curso de não ser especialista em nada, de não possuir conhecimentos aprofundados em nenhuma área, mas logo que iniciei os trabalhos acadêmicos, como extensões e iniciações científicas, pude perceber melhor esses aprofundamentos, conseguindo um diferencial na carreira”.

Realização e futuro

Hoje, Adão sente-se realizado profissionalmente: “Estou em um bom nível de atuação e vejo muitas chances de crescimento. Tento me atualizar ao máximo, busco cursos e novos conhecimentos para evoluir, mas tenho o sentimento de que fiz uma boa escolha profissional”. O jovem finaliza a entrevista dizendo que os formados nesta área têm um futuro bem promissor: “não existe uma limitação. Grandes áreas, hoje, estão com os olhos voltados para este tipo de profissional, como o mercado financeiro, econômico e de suprimentos, por exemplo”.

Como conselho às pessoas que querem seguir a mesma carreira, Adão resolve abrir ainda mais a extensão de suas palavras: “Acredito que não só para quem está seguindo a engenharia de produção, mas para todos os profissionais, que o mercado de trabalho está exigindo pessoas cada vez mais especializadas no que fazem e, quando isso está na engenharia de produção, uma área tão abrangente, precisamos buscar essa capacitação o quanto antes”.

Confira o primeiro episódio desta série sobre ‘Estética e Cosmética’.

Leia o segundo episódio da série sobre o Mercado de Trabalho sobre ‘Estatística’.

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