Teclas que vão às ruas: o mundo mais livre na ponta do mouse

Maria Eduarda Kustro

A esperança de um futuro próspero só é uma ideia concebível em um ambiente favorável ao ativismo jovem, esse vem se fortalecendo pelos novos recursos e provando que não há terreno mais propício para a disseminação de ideias que a internet.

A iniciação dos jovens na vida acadêmica e o contato com pensamento crítico fazem com que muitos posicionamentos sejam repensados, até porque o reflexo da desigualdade, da corrupção, das decisões tomadas pelos poderes públicos e da política em geral refletem-se de maneira clara em nossa vida cotidiana. É aí que a disponibilidade de conteúdo e espaço na internet faz-se valer.

Encontrar um espaço ou um grupo que forneçam respaldo para o entendimento da política e da economia nesse processo ajudam os jovens a interessarem-se pelo funcionamento da sociedade, encorajando-os a defender suas causas e criando oportunidades para organização de manifestações, reuniões, grupos de estudo ou até mesmo salas de bate-papo online onde ideias podem ser debatidas e reivindicadas no conforto de seu quarto.

A liberdade do pensamento crítico que a internet trouxe ao jogo favoreceu também a visibilidade  da força de uma juventude com energia revigorante, mesmo que de maneira diferente à juventude que saiu às ruas na década de 60 (marcada por movimentos como o Black Power, o “maio de 68” na França e da “cultura de protesto” no Brasil que se opunha à ditadura vigente). O ativismo atual ainda conserva a  sede de mudança, a diferença é que hoje a visibilidade muitas vezes não exige cartazes mas sim “ teclas e cliques” em uma página online.

Já que a liberdade foi citada, é importante ressaltar o quanto ela é substancial não somente na vida online, mas também na vida cotidiana. É no intuito de dar a devida importância do treinamento de jovens à liderança pela liberdade que surgiu o denominado “Students for Liberty”, a organização criada em 2007 e restrita a universitários estadunidenses, hoje se dissemina por todo o globo, sendo mundialmente a maior organização estudantil atual, com presença em todos os continentes habitados. A instituição une os jovens que acreditam (como a logo propõe) que somente pessoas e ideias são capazes de mudar o mundo.

Conversamos com Marcelo Lourenço Filho, coordenador regional do sudeste no SFL, estudante da Faculdade de Economia e Administração (FEA/USP) e ganhador do concurso de artigos do Instituto Mises Brasil, em junho deste ano.

 

ComTempo: Por que você acha que a liberdade deve ser uma bandeira levantada vigorosamente no ativismo jovem?

Marcelo: Liberdade é algo sobre o que sempre se fala: é assunto recorrente nas músicas, na poesia e na literatura em geral, por exemplo. Não obstante, é tema pouco recorrente em áreas como a política e a economia. Nos discursos políticos, liberdade normalmente vem apenas como uma ideia vaga, acompanhada de muitos “poréns”. Em economia ela poucas vezes é mencionada. É de suma importância introduzir a defesa da liberdade individual como um princípio que nos guie por essas áreas porque é nelas que reside boa parte da nossa vida cotidiana. Defender a liberdade é fundamental porque esta é uma postura de humildade: significa reconhecer nossas limitações enquanto indivíduos e ressaltar a importância da cooperação social e do respeito mútuo através do mercado. Introduzir estas ideias junto ao ativismo jovem é ainda mais interessante porque pode resultar num movimento que combine as virtudes desta postura humilde do liberalismo com o vigor e o ânimo político da juventude.

ComTempo: Quais são as principais vantagens da internet no que se diz respeito ao processo de entrar em contato com um ideal e defendê-lo?

Marcelo: A internet possibilita às pessoas entrarem em contato com realidades e ideias que transbordam o seu próprio contexto individual (sua família, sua escola, sua cidade). Assim, fica à disposição de qualquer pessoa uma quantidade quase infinita de livros, autores e vídeos sobre os mais diversos assuntos. Nesse contexto, aumenta consideravelmente a possibilidade de alguém se deparar com uma ideologia ou uma postura política que se adeque bem à sua própria visão de mundo. Dadas as ferramentas disponíveis dentro das redes sociais, o engajamento no sentido de defender publicamente essas ideias é quase natural e automático, o que pode enriquecer muito o debate público na medida em que se preze pelo respeito mútuo, pela tolerância e pelo valor do pluralismo.

O fluxo de ideias via redes sociais tornou possível o contato entre jovens que unem-se por causas ambientais, animais, políticas, econômicas…e reinventou as formas de visibilidade. Mas e você? Qual é a causa que suscita em seu coração, capaz de transformar seus caracteres em manifestos?

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