Sou um dos 9,3% dos brasileiros que sofrem de ansiedade

José Piutti

“Você transbordou, José”. Com essa afirmação de minha psicóloga, Fabiana Bossi Falconi, recebi o diagnóstico que me incluiu no número dos 9,3% dos brasileiros que sofrem com transtorno de ansiedade, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). “Imagine que você é um copo que dia após dia recebe algumas gotas de água. Uma hora irá transbordar”, me explicou, após ouvir um breve relato de minha vida.

No primeiro dia de 2018 havia passado por uma crise de ansiedade. Em meio a uma situação de grande estresse, senti meu coração acelerar, o ar faltar, músculos das minhas costas se enrijecerem e uma imensa dor se espalhou pelo meu estômago.

Comecei a dar atenção quando a febre surgiu. Fiz todos os exames médicos possíveis e os resultados me deixaram no escuro. Nada. Porém, numa segunda tentativa, dei sorte do médico plantonista estar disposto a me ouvir. Ele pegou uma caneta, bateu em minha cabeça e disse: “Talvez seus problemas estejam vindo daqui”.

No dia 12 de janeiro fui pela primeira vez em uma psicóloga. Em uma analogia, após me ouvir atentamente, explicou-me que eu havia transbordado e que a psicoterapia me levaria a desenvolver maior compreensão dos diversos eventos que ocorrem nas diferentes áreas da minha vida – pessoal, emocional e profissional – para assim, diminuir meu sofrimento psicológico.

“Na terapia, o paciente vai identificar as possíveis causas e reconhecer as emoções e comportamentos que vêm dificultando a sua vida. Aumentar o autoconhecimento é o primeiro passo para ficar bem. Reconhecer suas emoções e dar um significado mais realista e racional para elas, pode mudar a atitude diante dos comportamentos que vêm dificultando a sua vida.”

Fabiana me explicou que a ansiedade é uma emoção comum na vida das pessoas, mas que ao ser vivenciada de forma exagerada, pode se tornar um distúrbio que muitas vezes gera crises.

“Ela pode se tornar exagerada por causa de aspectos genéticos, traumas psicológicos, situações atuais estressantes ou problemas do passado. Quem sofre com essa condição precisa identificar as situações que potencializam sua ansiedade”.

Naquele momento, aceitei que precisava de ajuda. Respiração diafragmática, ouvir uma música favorita e escrever sobre o que estou sentindo foram algumas maneiras dadas por Fabiana para driblar momentos de crise e complementadas com mudanças de hábito que poderiam ajudar em minha melhora.

“Praticar exercícios físicos regularmente estimula o organismo a produzir hormônios como endorfina, responsável pela sensação de bem-estar, alivia a depressão e normaliza os níveis de ansiedade. A noradrenalina e a serotonina, também responsáveis pelo equilíbrio do humor, são estabilizadas a partir da atividade física.”

“Alguns alimentos, como banana, carnes e peixes, leite e seus derivados magros e oleaginosas ajudam na produção de hormônios que atuam diretamente na ansiedade. Eles possuem alto teor de triptofano, aminoácido responsável pela liberação de serotonina. Chocolate amargo também entra nessa, mas é importante consumir com moderação.”

“Cientistas concluíram que o hormônio Norepinefrina, que regula o humor e a ansiedade, é liberado em maior quantidade quando o sono é saudável. Por isso, é importante que as horas de sono tenham qualidade, para completar todo processo de produção hormonal e proporcionar tempo adequado de descanso e recuperação do corpo.”

Ao chegarmos no fim da sessão, marcamos um novo horário. Adoraria terminar contando que naquela semana consegui seguir todas as recomendações, mas não aconteceu. Lutar contra algo que está dentro de você cansa, física e mentalmente. Só após muito sentir, passei a incluir alguns alimentos recomendados em minhas refeições ou a preferir uma caminhada ao Uber. Foi aos poucos, que, junto ao acompanhamento profissional, consegui evoluir. E sigo no processo em busca do autoconhecimento, em busca da cura de dentro para fora.

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