Faculdade: a preparação para o mercado ou a ilusão do unicórnio?

Alef Teixeira

Quatro anos. Esse é o tempo médio que se leva para concluir um curso universitário no Brasil. Para alguns, momentos únicos que jamais serão esquecidos, para outros, momentos insuportáveis que precisam ser esquecidos com muita terapia.

Não quero criticar o sistema de ensino nem como ele é construído. Já tem gente demais falando sobre isso. O questionamento é: a faculdade realmente forma o profissional?

Recém formado, assumi a editoria de um dos webjornais mais importantes da minha região. Gerência de gastos, pagamentos, publicidade, reportagem, redação, fotografia, direção de arte e muitas outras áreas são agora, minha responsabilidade.

O problema é: Como diabos eu vou lidar com tudo isso? Lembro que em diversas cadeiras da faculdade de comunicação foi falado sobre como a internet vem matando diversos cargos jornalísticos e acumulando mais e mais funções em alguns pobres coitados que geralmente nem ganham para isso.

Quatro anos de faculdade, dois como locutor, dois como assessor… E eu achando que era o bastante. Até hoje sofro com erros que, segundo o bigboss são crassos. Sabia que usar #hastag na internet é uma coisa ruim? Sabia também que as pessoas do interior entendem o que é um simulacro mas não entendem o que é politraumatismo? Eu honestamente não sabia. Não sabia também que, segundo o bigboss, eu não sou escritor, nem jornalista, nem repórter e nem nada. Não sabia também que, caso haja algum erro do repórter ou meu, a culpa provavelmente é minha também.

Não entenda como reclamação. Pelo menos, não do trabalho. A questão é: Eu sai da faculdade despreparado. Sai de lá com um papelzinho na mão falando que estudei e um ego enorme que foi murchado em uns três segundos.

Quando cheguei na rua eu percebi que o mundo acadêmico é muito bom, apesar de tudo que passei (que talvez conte em outro post) não fazia ideia do que deveria ser feito. E o pior de tudo, não tinha mais um professor para corrigir e ensinar.

A geração de Alegres Unicórnios Coloridos, a que veio depois da Y, ouve dos pais que deve seguir seus sonhos, que quando você emana coisas boas o universo as devolve, que ele pode ser tudo o que quiser ser. Quanto tempo você levou para perder seu chifre de unicórnio?

Hoje, eu tenho mais dúvidas que certezas. Mas quem sabe daqui um ano (ou uma década), não viro eu o bigboss que sabe quando o erro é crasso ou quando é hot usar alguma palavra em inglês no meio de um artigo no LinkedIn.

Deixe uma resposta