Vestir-se de Empoderamento

Mariana Valverde

Estaria o universo subestimando os poderes das super-heroínas? Como se os poderes não fossem suficientes para comprovar sua força e independência, as super-heroínas saíram dos quadrinhos e foram para as telas de cinemas com as mesmas roupas de sempre – geralmente um traje que parece um biquíni, ou uma saia curta; sempre com roupas coladas, as deixando sensuais e com corpão.

Vamos começar a entender o assunto com uma clássica referência de super-heroína, mas que, na verdade, era chamada de ‘princesa guerreira’. “Xena: A Princesa Guerreira” é uma série de televisão de 1995, estrelada pela atriz Lucy Lawless. A princesa era conhecida como “destruidora das nações” e quando muda para o bem, decide provar para todo mundo que merece o título de heroína. Com seus curtos vestidos e trajes que quase chegavam a ser um sutiã e uma calcinha, Xena salvou o mundo por longas seis temporadas e mesmo sem querer, quebrou paradigmas.

Um pouco mais popular, a Mulher-Maravilha, na verdade chamada Diana Prince, teve sua primeira aparição em 1941 na história em quadrinhos da revista All Star Comics #8, dos Estados Unidos. Esta foi escrita por William Moulton Marston e desenhada por Harry George Peter. A personagem obteve um sucesso tão grande que em 1944 foi transferida exclusivamente para a DC Comics (responsável por Batman, Super Homem e Aquaman) e ganhou sua própria linha de HQ’s, a primeira chamada Wonder Woman #1. Na época, suas roupas eram super curtas, deixando suas pernas à mostra e de forma sensual.

Até o último filme lançado da personagem, o “Mulher-Maravilha” (2017), estreado pela atriz Gal Gadot, muita coisa não havia mudado. A primeira vez em que essa personagem apareceu nas telonas foi no longa metragem “Batman VS. Superman” (2016), dirigido por Zack Snyder, logo depois veio seu filme solo (citado acima) e ainda o “Liga da Justiça”, onde outros personagens, como Flash e Aquaman foram apresentados. A heroína usa uma roupa curta e que cobre a barriga, então, de 1944 pra cá, as coisas andam meio parecidas para ela. A parte boa é que ela é uma das personagens mais fortes da DC Comics, então, seus poderes são muito mais fortes que suas coxas à mostra.

Dentro do universo da Mulher-Maravilha existem as Amazonas, que são as mulheres que vivem em Themycera, uma ilha somente de mulheres, inspirada na mitologia grega. Suas roupas chamaram muito a atenção do público no filme “Liga da Justiça” e no filme solo da personagem. Isso porque em Liga da Justiça suas roupas de guerreiras deixam barriga e pernas à mostra, além de marcar os seios das mulheres de forma sedutora e em “Mulher-Maravilha” essas partes estão cobertas pelos seus trajes. A empatia e união feminina fez essa grande diferença de um filme para outro ter destaque. Porque eu digo isso? Um homem, Zack Snyder, dirige o primeiro filme, enquanto uma mulher, Patty Jenkins, dirige o segundo.

Em 2019 as coisas ainda têm mudado e evoluído. Essas grandes personagens são mais antigas e para a felicidade das mulheres e suas inspirações, atualmente uma heroína forte – e com roupas – foi apresentada ao público.

Se você conhece os super-heróis Hulk, Capitão América e Homem de Ferro, então já teve contato com a Marvel Studios. A empresa é responsável por fazer os grandes filmes dos super-heróis. Mas o que poucas pessoas lembram é que as mulheres também fazem parte desse grande time de super-poderosos. Além da Viúva Negra, que faz parte da turma dos Vingadores, outra grande heroína que recentemente foi apresentada ao universo cinematográfico é Capitã Marvel.

Com a sua recente estreia, tivemos uma nova e constante evolução nos trajes das heroínas. Neste, a personagem é Carol Danvers, interpretada por Brie Larson. A direção deste longa também é comandado por uma mulher – Anna Boden, ao lado de Ryan Fleck. A heroína tem tudo para ser uma feminista de mão cheia! Carol é piloto na força aérea americana e enfrentou todo tipo de machismo por ser uma mulher tentando a vaga. Além disso, seu uniforme tem traços mais militares e deixa de lado a preocupação de expor o corpo feminino.

O empoderamento feminino está cada vez mais em pauta e o cinema tem ficado mais atento a esse assunto. Afinal, você, mulher, se sentiria confortável em salvar o mundo usando uma saia curta e um sutiã? Então, por que sexualizar a imagem de uma heroína e a deixar apenas com o aspecto de “linda e gostosa” e excluir todo o desempenho, força e independência que ela tem para salvar o universo? As heroínas têm que se sentir confortáveis com seus trajes para exercer suas tarefas e é importante pensar nisso porque elas servem de reflexo para a sociedade feminina. As meninas e mulheres se espelham nessas personagens e as trazem para sua vida pessoal, então por que não facilitar as coisas e mostrar que qualquer pessoa pode ser uma super-heroína incrível?

Nas festas à fantasia dos últimos anos, tenho certeza que se deparou com inúmeras crianças e mulheres vestidas de Mulher-Maravilha, certo? É importante mostrar para todas as gerações femininas – e masculinas – que roupa não define caráter, então ela pode, sim, sair para salvar o universo vestido o traje que quiser, mas que também tem que se sentir confortável e completamente à vontade, sem ser pressionada pelos padrões estéticos que a sociedade impõe.

O mais importante é que a evolução é constante e enquanto filmes campeões de bilheteria estiverem ao lado das mulheres, mais um passo é dado em direção ao que é certo. Com união e força, as mulheres chegarão onde quiserem, com a roupa que preferirem, da forma que acharem melhor. A escolha é totalmente delas! – É completamente nossa.

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