ARTIGO: A Sétima arte como extensão de quem somos

Marcella Montanari

A sétima arte se revelou uma grande paixão, e não é por menos, o universo audiovisual entretém, encanta, desperta identificação e levanta discussões importantes que muitas vezes são esquivadas pela sociedade.

A realidade estática da fotografia que traz uma profunda observação do hoje, passa a acompanhar movimentos e seduz o público com a projeção de fotos. Os irmãos Lumière foram pioneiros na história do cinema e tiveram seus primeiros filmes comentados pelos jornais de Paris. Não podemos deixar de mencionar o visionário Georges Méliès, sua criatividade levou aos primeiros experimentos de efeitos em filmes, elaboração de roteiro e a utilização de trilha sonora, explodindo a cabeça de muitas pessoas em uma época em que o cinema ainda era um privilégio restrito. Um de seus filmes mais famosos, “Le Voyage Dans La Lune” (Viagem à Lua), de 1902, de origem francesa, com cerca de 16 minutos de duração, é visto como um marco histórico e inspirou gerações de cineastas.

O cinema foi evoluindo e com ele, fortalecendo discursos importantes. Charlie Chaplin por exemplo, um dos nomes mais fortes do Cinema Mudo, imortalizou a comédia, e deixou fortes marcas. Quem não se lembra do discurso final de “O Grande Ditador” de 1940? O filme que faz duras críticas aos governos ditatoriais, assusta quando analisamos o quanto seu contexto, ainda em 2019, se mantém atual.

Ficaríamos horas viajando no tempo, analisando as extraordinárias mentes por trás da evolução da sétima arte e como mudamos as diversas formas de consumir os títulos que chegam até nós, mas algo é certo, temos nos tornado cada vez mais exigentes, não somente visando a qualidade visual dos produtos, mas sobre identidade, representatividade e verdade na tela. Engana-se quem acha que o julgamento de um produto audiovisual se restringe apenas as academias e a imprensa especialista no assunto, todos somos juízes do que nos representa, ou pelo menos, do que deveria nos representar.

Temos despertado a nós mesmos e outras pessoas sobre a importância de cobrar pelo o que é certo, o que germinará nas gerações futuras, a luta pelo espaço que deveria ser igualitário. Precisamos que haja espaço para homens, assim como para mulheres, para brancos, assim como para negros, e assim por diante. Precisamos falar sobre amor, comédia, na mesma proporção que devemos falar sobre preconceito, saúde mental, racismo e os variados tipos de violência. Precisamos de ficção como uma fuga da realidade exaustiva, mas que haja espaço para todos, independentemente de gênero, cor, origem ou qualquer outra distinção que continue a nos segregar.

A sétima arte é uma expressão de nossas fantasias, mas que são baseadas em nossas realidades. Os personagens, assim como as narrativas, precisam despertar identificação, é o que provoca o entendimento dessa linguagem, caso contrário não haveria público; são nossos sentimentos que nos tornam humanos e isso só é possível quando entendermos que deve haver espaço para todas as vozes.

Marcella Montanari
| Jornalista e Especialista em Branded Content
| Fundadora e Editora do blog Raprosando
| Uma nerd apaixonada por conteúdo e cultura pop

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