“Eu ensino para pessoas como eu”

Kimberly Souza

Dos 13 milhões de desempregados no país, 32% têm entre 18 e 24 anos de idade. O levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em agosto de 2018 é alarmante, mas não tão desesperador quanto a situação dos jovens que terminaram a faculdade e não conseguem colocação efetiva no mercado de trabalho.

A solução, em alguns casos, é investir em trabalhos temporários, em vagas que fogem às habilidades para as quais se graduou ou, como traz a edição da ComTempo, trabalhos alternativos. Diante das incertezas, somado ao desejo de independência e inovação, os jovens, cada vez mais cedo, estão optando por empreender.

É o caso de Douglas Matricarde, 23, natural de Barretos, SP. Após terminar sua faculdade de História, resgatou uma habilidade antiga para tocar sua vida: o Inglês. Em sua sala de aula virtual – e por vezes, física, promove aulas do idioma de forma acessível, personalizada e para diversas necessidades e faixas etárias.

ComTempo: Fale um pouco sobre você.

Douglas: Eu tenho 23 anos, nasci e moro em Barretos. Gosto muito de ouvir música, ler, ver uns filmes nos fins de semana, escrever e fazer várias pesquisas inúteis que eu acho que um dia vão ser úteis pra algo.

ComTempo: Como a História entrou em sua vida?

Douglas: Como existe um sistema que praticamente obriga os jovens a decidirem seu futuro aos 17 anos e eu tendo sido um péssimo aluno no Ensino Médio, repetido de ano e tudo mais, só queria deixar aquilo pra trás e segui pra próxima etapa. Foi quando, sem saber o que queria fazer, prestei vestibular para a matéria que nunca tinha ficado de recuperação. Junto com a vontade de sair da casa dos meus pais, comecei o curso em Jaboticabal e, depois de um ano sofrido, voltei pra Barretos e continuei o curso por aqui. Nessa época eu já tinha deixado de só tentar fazer um curso para cursar o que eu realmente queria. Tive a sorte de descobrir nesse primeiro ano de faculdade que minha vocação era ser professor.

ComTempo: Qual área da História te interesse mais?

Douglas: É muito difícil dizer, porque a História te fornece um leque tão gigantesco de informação e possibilidade, aguça tanto sua criticidade, te apresenta todos os fatos que a História acadêmica julga importante desde a pré-história até ontem. Mas tenho uma queda especial pela história social que estuda a sociedade como um todo, as divisões de classe, o mecanismo de poder social e a história cultural que é mais antropológica e estuda as culturas populares e as interpretações humanas sobre as coisas.

ComTempo: Pode falar um pouco do seu Trabalho de Conclusão de Curso?

Douglas: Meu TCC foi bem sucinto, mas com bastante empenho – cheguei a ler uns 40 livros pra fazer. O título dele é A Construção Histórica Do Homossexual: Os Desdobramentos Que Moldaram A Imagem E O Preconceito Do Gay No Século XXI. Basicamente eu tentei chegar ao início do que a gente vê hoje como homofobia. Como as relações humanas sobre sexualidade mudaram após a ascensão do capitalismo, quem padronizou o que entendemos hoje como “normal” e quem julgou os que não fazem parte deste padrão como “anormais”. Busquei onde as palavras (como homossexualismo, por exemplo) surgiram, quem criou e por qual motivo. Estudei a influência da religião, mas principalmente da medicina sobre o controle dos corpos sociais. O controle que queriam impor e quem queria impor. Estudei como a chegada ao poder pela burguesia colocou as pessoas em determinadas caixinhas sendo elas principalmente divididas em: o que era aceito e o que não era e como isso refletia nos tabus e nos preconceitos que estão enraizados na sociedade contemporânea. 30 páginas. Nota máxima.

ComTempo: E o Inglês? Como entrou em sua vida?

Douglas: Como eu disse, eu era um  péssimo aluno. Ensino fundamental e médio, sempre estava lá na escola fazendo recuperações e exames. Com o inglês não era diferente. Daí a patroa dos meus pais decidiu me ajudar e uma vez por semana eu ia na casa dela estudar Inglês. Ela disse então que eu tinha facilidade com o idioma e que me colocaria em um curso de Inglês. Eu estudava em uma escola particular e agora também em uma escola de idiomas pagos por ela. Eu detestava.

Leia matéria completa na terceira edição da Revista ComTempo.

 

2 comentários sobre ““Eu ensino para pessoas como eu””

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