Os movimentos que as declarações de Bolsonaro causam no cenário internacional

Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Ana Karen Soares Ferreira

Desde o início da disputa eleitoral, o atual presidente Jair Bolsonaro já causava insegurança no cenário internacional com suas declarações sobre os acordos econômicos e ambientais que existem entre o Brasil e vários outros Estados.

Um exemplo, é a declaração que Bolsonaro fez em uma transmissão ao vivo por uma rede social de que o país deixaria o Acordo de Paris, caso as mudanças propostas não fossem atendidas. Porém, pouco tempo depois de sua declaração, o presidente disse que o país não deixaria o acordo climático. O problema das afirmações que o presidente eleito faz é a instabilidade que gera no exterior. O outro problema das declarações de Bolsonaro é que elas se assemelham as declarações de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que em julho de 2017 deixou o Acordo de Paris com a justificativa de que as exigências do acordo do clima não eram justas e que prejudicariam a economia do país norte-americano.

Recentemente, o presidente brasileiro confirmou a saída do Brasil do Pacto Global de Migração, outra medida que se aproxima da política anti imigrantes de Trump. A decisão tomada pelo presidente deixa o Brasil com uma imagem negativa internacionalmente, pois o país foi muitas vezes reconhecido como um refúgio para imigrantes. Ademais as crises com os imigrantes venezuelanos que ocorrem na fronteira entre os dois Estados se intensificaram após declarações provocativas de Bolsonaro contra a Venezuela. Como a pauta sobre o Mercosul que gera instabilidade e insegurança.

O Mercosul é um tratado de Livre Comércio entre os países da América Latina e Bolsonaro já afirmou que o bloco econômico era uma ferramenta de “viés ideológico” utilizado pelos petistas. O ministro da econômia do governo de Bolsonaro, Paulo Guedes afirmou logo depois da eleição que o bloco econômico não seria visto com prioridade no governo. Tais afirmações são prejudiciais tanto para o Brasil quanto para os demais países do tratado, pois a relação de livre comércio existente no bloco econômico é benéfica para todos os Estados presentes. Outra afirmação de Jair Bolsonaro que gera desconforto entre os países, ainda sobre o Mercosul é de que segundo a cláusula democrática do tratado, a Venezuela não deveria fazer parte do bloco. Porém, segundo o Protocolo de Ushuaia a Venezuela está suspensa do Mercosul desde 2017. A declaração sobre o país latino-americano serviu apenas para provocação e aumento da instabilidade política e econômica que existe atualmente entre a Venezuela e outros Estados da América. Além das provocações do presidente para com a Venezuela, houveram provocações com a China. A China respondeu as declarações de Bolsonaro com uma publicação em seu principal jornal estatal afirmando que as exportações do Brasil para a China são importantes para o crescimento econômico de ambos os países.

Essas e outras afirmações do presidente tiveram repercussão negativa internacionalmente devido ao seu conteúdo radical e contraditório na medida em que se aproxima do discurso neoliberal de Donald Trump e do discurso nacionalista e patriota dos militares. Além disso, houveram outras alegações que feriram direitos humanos já conquistados internacionalmente e dos quais o Brasil faz parte nos tratados internacionais dos direitos humanos. Ainda que certas alegações não se tornem efetivamente ações, elas são uma ameaça para a imagem internacional do país, causando um ambiente inseguro na política e na economia.

Colaboração de Ana Karen Soares Ferreira, graduanda do curso de Relações Internacionais da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp).

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