O aprisionamento por trás do uso excessivo de aplicativos mobile

Marcos Bergamasco

É difícil imaginar nossas vidas sem o uso de aplicativos para celulares, não é? Ainda mais para nós brasileiros que somos campeões mundiais em uso de aplicativos mobile segundo a App Annie que faz análises globais sobre o mercado de aplicativos em dispositivos móveis. O estudo da companhia registrou que o brasileiro usa em média 12 aplicativos a cada 24 horas em seu aparelho celular.

Se tornou eminente o fato de que hoje os aplicativos celulares são indispensáveis até mesmo nas horas de trabalho de várias empresas que utilizam os serviços de aplicações para garantir uma maior eficiência e agilidade em seus afazeres.

Entretanto o uso de aplicações em celulares, não estão somente ligadas a obrigações pessoais, mas sim durante todo o dia incluindo principalmente horários de lazer, no qual o maior número de usuários é referente aos jovens com a faixa etária de 10 a 22 anos de idade.

A partir do uso compulsivo dos softwares, se dá início ao isolamento social, onde as pessoas se veem interagindo estaticamente com seus dispositivos móveis, sem realizar nenhum tipo de atividade com pessoas ao seu redor. Neste momento, já é perceptível a presença do vício que o indivíduo tem em relação ao uso do aparelho.

Acreditava-se que o uso prolongado dos aparelhos móveis poderia provocar uma síndrome denominada TextNeck que afeta a coluna vertebral, porém em estudos mais recentes, pesquisadores afirmam que não há relação da síndrome com o uso exacerbado dos celulares, e dessa forma, não poderiam causar riscos significativos ao nosso corpo.

Apesar disso, diversas pessoas relatam dores cervicais e desalinhamento na postura durante o constante uso de aparelhos móveis, e em função disso, um projeto de lei está sob análise em Comissão de Defesa do Consumidor do Senado que tem como proposta a inscrição obrigatória de alertas para o uso moderado nos aparelhos celulares.

Será mesmo que estamos livres de complicações físicas em relação ao consumo dos aplicativos mobile?  o que eles possuem para conquistar tantas horas de atenção que são dedicadas por nós? Por que utilizamos aplicativos de forma demasiada?

As empresas desenvolvedoras de aplicativos híbridos para mobile estão cada vez mais investindo em estudos de usabilidade para poderem aprimorar seus softwares e torna-los sempre mais adaptados ao usuário. Dessa forma, não é necessário aprender a utilizar um aplicativo, pois o mesmo já possui técnicas de interface que deixam claro qual o objetivo de cada função visível na tela. Este processo permite que a pessoa já tenha conhecimento do uso da aplicação antes mesmo de usa-las.

Para esclarecer melhor sobre a interface, nas próximas linhas vamos definir o que ela é, para que ela serve e por que ela é tão importante.

A interface é tudo aquilo que nós conseguimos interagir com o aplicativo, seja por meio da visão, tato ou audição. Isso significa que, em um aplicativo, tudo que possamos ver, “clicar” e ouvir é tratado como interface, que por sua vez, é a responsável por criar uma “ponte” do sistema do software para o usuário final, e assim permitir que pessoas consigam entender qual a finalidade de cada função da aplicação, como por exemplo um botão, um campo de texto, uma imagem entre outras diversas funções.

 Agora já sabemos o por que ela é tão importante, afinal imagine como seria um aplicativo sem botões, barras, ícones, imagens, cores ou qualquer coisa que possamos interagir. Seria totalmente ocioso e não teria objetivo algum.

Além desta jogada de usabilidade, assim como nós, as empresas desenvolvedoras de aplicativos também sabem que hoje em dia a busca por entretenimento se tornou muito maior do que a busca por conhecimento, e isso ficou muito claro quando a UOL compartilhou a lista dos aplicativos mais baixados do mundo, tendo nos 5 primeiros lugares o Instagram, Snapchat, Facebook, Messenger e o Whatsapp que ficou com a primeira posição.

Eu sei o que você deve estar pensando. “O Whatsapp é um aplicativo para comunicação, e não para utilizar como entretenimento”. Errado! A verdade é que o Whatsapp inicialmente tem o objetivo de promover contato por texto, áudio ou vídeo entre as pessoas. Porém hoje em dia ele é mais usado para compartilhamento de áudios, fotos e vídeos que são usados apenas como diversão coletiva, permitindo assim o enriquecimento do entretenimento virtual perante os humanos.

Dessa maneira é predominantemente visível que os aplicativos sociais para mobile estão cada vez mais caminhando para a ascensão das plataformas de aplicações utilitárias. Em contrapartida nos vemos totalmente consumidos pelos softwares que em sua real essência, buscam abranger mais usuários para garantir sucesso, e eventualmente trabalhar com atualizações para melhorar o empenho da aplicação, no intuito de manter as pessoas sempre próximas ao aplicativo, e é neste ponto onde nos vemos como prisioneiros de algo que nós mesmos pensamos controlar, mas na verdade, estamos apenas sendo controlados.

2 comentários sobre “O aprisionamento por trás do uso excessivo de aplicativos mobile”

  1. Pingback: 7 Aplicativos para facilitar seus afazeres do dia a dia – ComTempo

  2. Pingback: 7 Aplicativos para facilitar seus afazeres do dia a dia - COMTEMPO

Deixe uma resposta