Ansiedade – Quem ainda não enfrentou esse mal?

Pedro Leal  e Mariana Ferreira

Ao pesquisar o significado da palavra ansiedade na internet, o resultado é de sua origem latina com significado de “angústia”; um estado psíquico de apreensão ou medo provocado pela antecipação de uma situação desagradável ou perigosa.O Brasil lidera o ranking de pessoas que sofrem de ansiedade, com 18,6 milhões de pessoas sofrendo deste transtorno, o correspondente a 9,3% da população. No mundo, este número é de 246 milhões de pessoas.

A segunda edição do Você Repórter traz reportagem especial sobre este mal que tanto aflige os brasileiros. Para isso, a ComTempo entrevistou Valéria Chechia, doutora em psicologia pela USP e coordenadora de Psicologia do Centro Universitário Unifafibe, que esclareceu dúvidas sobre o assunto.

ComTempo : O que é a Ansiedade?

Dra. Valéria: A palavra “Ansiedade” tem origem no latim “Anxiesta”, do verbo “angere” que significa apertar, sufocar. Assim, ansiedade é um estado emocional desagradável e apreensivo, provocado pelo pressentimento ou previsão de um perigo para a integridade da pessoa. Quando os perigos são reais, como por exemplo, “passar seus dados pessoais para alguém que ligou dizendo que você foi premiado com um celular”, a esse tipo dá –se o nome de “Ansiedade Realista” porque as pessoas estão vivendo em um mundo virtual de extrema insegurança. Além desse tipo, temos a “Ansiedade Antecipatória ou Ansiedade Neurótica” cujo indivíduo processa um medo, uma insegurança imaginária, onde prevê que algo ruim vai lhe acontecer, mas sem nenhum dado realístico.

A ansiedade pode ter manifestação física: suor, tremores, taquicardia, e manifestações de ordem subjetiva: sentimentos de apreensão que não são suscetíveis ou que não possuem probabilidade de acontecer, são imagens e sentimentos gerados pela imaginação da pessoa. Concluindo, para Carl Gustav Jung, há muitas gerações às pessoas estão sujeitas à ansiedade, Jung explica que isso acontece porque o mundo nunca nos pareceu seguro.

ComTempo: Qual é o tratamento para ansiedade? Como ele é?

Dra. Valéria: Em situações cuja ansiedade é ameaçadora para o bem estar da pessoa, como a “ansiedade agudo-crônica”, orienta-se que seja procurada uma avaliação médica para constatar os sintomas físicos que estão tirando-lhe a capacidade de viver bem. Por exemplo, é comum, em casos agudos, a pessoa ter distúrbios do sono, alimentar-se demais ou de menos, perder ou aumentar o peso, ter crises de taquicardia, aumento da pressão arterial, dificuldade de concentração, entre outros. Nesses casos, uma avaliação minuciosa do estado físico pode levar a medicação da pessoa até que ela consiga restabelecer os padrões mínimos necessários para sua vida.

Concomitante a isso, orienta-se a psicoterapia para auxiliar o desenvolvimento de habilidades para combater os sintomas e promover o autoconhecimento, colaborando para que a pessoa encontre as causas da ansiedade e assim, conseguir o auto equilíbrio emocional.

O tratamento depende de duas avaliações: física e psicológica, portanto, não há uma indicação precisa para todos os casos, sempre é necessário refletir os danos físicos e emocionais para iniciar o tratamento.

ComTempo: Qual a importância do terapeuta? Apenas este profissional pode resolver um problema de ansiedade? Há algum tratamento alternativo, além da terapia, como por exemplo a meditação?

Dra. Valéria: A importância do psicoterapeuta está na razão para fazer a pessoa compreender o que está causando a ansiedade e o quanto o nível dos sintomas está afetando sua vida emocional. Nesse sentido, o profissional auxiliará na busca da estabilidade dos seus comportamentos frente às situações que lhe causam ansiedade. Em segundo lugar, não somente o profissional da psicologia pode auxiliar a pessoa com quadro de ansiedade, um psiquiatra com o diagnóstico dos sintomas pode orientar medicamentos específicos, ajudando a pessoa a combater crises agudas. Em terceiro, a meditação é uma alternativa de tratamento, mas se for acompanhada, com um profissional especialista nesse método ou com um dos profissionais citados anteriormente, pois requer muito treino, então, em caso de a pessoa estar em crise, a mesma terá dificuldade em obter os resultados.

A meditação e também, atualmente a “Mindfulness”, exercício acompanhado por um profissional especialista nessa abordagem, vem tornando-se importante ferramenta para o tratamento da ansiedade, uma vez que se trabalham as distrações, pensamentos externos e sentimentos anteriores, para intencionalmente sentir, ouvir, viver plenamente a situação presente.

Confira a matéria completa na terceira edição da Revista ComTempo.

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