EDITORIAL: Quantas colheres de chá? Ou de sopa

Marcos Pitta

Brasil. País grande, rico, multicolor, com paisagens de tirar o fôlego, carregado de lutas, derrotas e conquistas e, agora, de novo, derrota. O país vivenciou, em 28 de outubro, o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, onde alguns estados também escolheram seus governadores.

O resultado foi amargo, mas inquestionável do ponto de vista democrático, afinal, pouco mais de 55% da população elegeu Jair Bolsonaro, do PSL. Durante o período de campanha, foi notório os ataques de um candidato contra o outro. As pessoas também foram expostas a propostas e posições, tanto de Bolsonaro, quanto de Fernando Haddad, derrotado após receber pouco mais de 44% dos votos válidos.

O principal argumento dos que votaram favorável ao presidente eleito era de que não podíamos mais ter no poder, o Partido dos Trabalhadores, à frente do Brasil desde 2002 com a eleição de Luís Inácio Lula da Silva, agora preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Depois de Lula, eleito duas vezes, foi a vez de Dilma Roussef, também do PT, governar o país até sofrer Impeachment, em 2017.

Mas, afinal, continuar com o PT seria tão ruim assim? O país continuaria ladeira abaixo ou entraria nos eixos? E com a eleição de Bolsonaro, com todas as ideologias já expostas pelo presidente eleito, como ficará o Brasil? Retrocesso é a palavra de ordem, velada por ele, mas é a palavra de ordem. Retroceder é bom?

Importante dizer que o discurso de Bolsonaro foi bem pensado. Falar de segurança pública, num país que em 2017 registrou 63.800 mortes violentas intencionais (Dados do Atlas da Violência 2018) é comovente, principalmente quando se diz que quer acabar com a criminalidade. Outro assunto bem defendido pelo presidente eleito, foi a questão do estatuto do armamento, tema que leva muitos a pensar que poderão andar armados pelas ruas. Ledo engano.

O grande problema foi a não apresentação de possibilidades que o presidente eleito apresentou. Como acabar com a criminalidade? Dando autonomia para o policial atirar para matar? Só isso resolverá todos os problemas de criminalidade do país? Poderíamos até pensar que o raciocínio dele, e de seus apoiadores fosse o correto se isso realmente fosse funcionar, mas não.

Bolsonaro pouco falou de Educação. Quando falou, frisou a possibilidade de incluir nas disciplinas escolares matérias que só foram vistas no currículo, em épocas ditadoras. E por falar neste termo, será que seus apoiadores sabem o real significado de uma ditadura? Pelo resultado das eleições, parece que não.

Será que mesmo depois deste resultado, com tudo que o país está prestes a viver, os brasileiros merecem uma colher de chá? Afinal, será que o Brasil merece mais uma colher de chá? Mais quantas? Por falar em colher de chá, vamos torcer para que nosso próximo editorial, da nossa próxima edição, a ser veiculada em janeiro, mês em que o presidente eleito assume o cargo, não seja repleta de versos explicando quantas colheres de chá, ou de sopa, serão necessárias para complementar a receita do famoso bolo de cenoura.

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