PELO BRASIL: A importância da adoção e castração de animais

Mayra Carvalho da Silva

ONG do Amapá realiza trabalho de conscientização e recuperação de animais em situação de abandono. A castração, mesmo ainda sofrendo grande preconceito, é a melhor solução para a superpopulação de animais.

Estima-se, de acordo com dados da OMS, Organização Mundial da Saúde, que no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, sofrendo diariamente de fome, sede e agressões.

No entanto, grupos de apoios aos animais existem, como é exemplo a ONG Anjos Protetores, localizada no estado do Amapá e que, desde 2013 ajuda animais do estado a encontrarem um lar. Responsável pela gestão de mídias e marketing da ONG, Bárbara Katerine, 21, em entrevista a ComTempo, afirma que a solução para a superpopulação de animais, mesmo enfrentando grande preconceito, é a castração. Katerine fala ainda sobre a facilidade e satisfação que é adotar um pet.

ComTempo: O que significa para a Anjos Protetores defender os direitos dos animais?
Bárbara Katerine: Para nós, enquanto conjunto, significa lutar para cuidar e dar voz a quem não consegue pedir ajuda. É possível ver animais abandonados por todo canto da cidade, mas para muitos eles são invisíveis. Eles apanham e passam fome. Nosso objetivo é mostrar a eles, solidariedade e o lado bom do ser humano.

ComTempo: Por que há tanta resistência da população em adotar animais?
Bárbara: No Amapá, ainda existe uma cultura antiga sobre o que significa um animal de estimação. Acredita-se que eles sejam “fortes e resistentes” e podem sobreviver em qualquer lugar. É raro ver empatia e valorização de um animal doméstico dentro de uma família. Não se enxerga a real importância e benefícios em ter um amigo peludo. Então, no final das contas, a escolha ainda é estética. Se você doar um animal de raça, lindo e padrão, sempre terá filas de pessoas interessadas. Um vira-lata “gente boa” não representa aquisição de valor para as pessoas. Logo, não tem relevância.

ComTempo: Procede a informação de que a castração é a solução para diminuir o crescente número de animais abandonados. Se sim, qual a importância?
Bárbara: Sem dúvida para casos de superpopulação e suas consequências. Apesar de ser um tema com muito preconceito por parte das pessoas que acreditam no “sofrimento” para o animal, é a medida mais responsável e sensata a se fazer, pois é uma reprodução que não tem fim. Você pode arrumar outro dono para todos os filhotes que a sua cadela teve com o cachorro do vizinho, mas não pode garantir que esses donos não vão ter mais filhotes e abandoná -los no futuro. Animais não esterilizados sempre irão procurar um(a) companheiro(a) na rua, pois é instinto animal. Há casos de pessoas que agridem seus pets julgando esse ato como “falta de vergonha”, sendo que não é uma escolha deles. Um macho pode fazer absurdos para cobrir uma fêmea no cio, mesmo que isso inclua brigar violentamente com outros cães ou quebrar a cerca de uma casa machucando-se para chegar até ela. Nenhum animal faria isso por diversão. O ideal é castrar seu animal, independente de ser macho ou não, ou se quiser filhotes, entregar eles castrados – o que está bem longe da nossa realidade. Castração é literalmente um ato de amor, dando qualidade de vida e prevenindo série de doenças que o animal pode adquirir com as fugas, como o TVT (Tumor Venéreo Transmissível), DST que evolui rapidamente.

ComTempo: Depois de serem doados, os animais recebem algum tipo de acompanhamento da ONG?
Bárbara: Sim, estamos trabalhando para que isso melhore ainda mais. Conseguimos empresas parceiras que se ofereceram para ajudar no desenvolvimento de softwares de controle digital das adoções, pois os registros ainda são no papel e o acompanhamento acaba tornando-se mais lento, pois fazemos visitas periódicas aos adotantes ou cobramos notícias via WhatsApp. Temos casos de adotantes que já mudaram-se de município, estado e até de país. Com a instalação do sistema online podemos desburocratizar e dividir a tarefa de monitoramento entre os voluntários. No ato da adoção, a pessoa assina documento comprometendo-se em dar os devidos cuidados e mandar notícias do animal. Infelizmente ou felizmente já tivemos casos em que a pessoa passou a maltratar depois que o animal cresceu e tivemos que recolhê-lo. São situações que realmente dificultam nosso trabalho e todo esforço.

Para matéria na integra, acesse a segunda edição da Revista ComTempo.

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